Armando Lobo reinventa a música nordestina

Armando Lobo: novo álbum é divido em popular e erudito

 

O compositor e multiartista pernambucano Armando Lôbo chega ao seu quinto álbum solo desafiando, mais uma vez, ortodoxias de gêneros e estilos musicais. “Veneno Bento” faz uma leitura simbólica e inovadora do sertão nordestino, sua força solar, a religiosidade, a música dos cantadores, das feiras e a vastidão dos espaços. As canções usam estilos regionais como aboio, xote, baião e outros, sempre de maneira ousada.

O álbum é dividido em duas playlists, uma popular arrojada e outra com música contemporânea de concerto. A formação instrumental das faixas é bastante inusitada, buscando um espectro sonoro agressivo e brilhante, como um excesso solar. Na parte popular do álbum, as letras das canções escapam da obviedade, usando uma abordagem por vezes filosófica e expressionista, de alta voltagem poética. O material musical de influência popular não é usado de forma previsível em nenhum arranjo, pois a técnica composicional de Armando é bastante diversificada em nuances polifônicas e timbrísticas. 

A playlist erudita fecha o álbum com quatro peças de formação contrastante, todas fazendo referência ao universo nordestino.

“Veneno Bento” também está sendo lançado em formato audiovisual, com cenas colhidas na zona rural de Bezerros, no agreste pernambucano, propondo um desfile de arquétipos, tendo como maior ponto de referência a figura humana e estética do vaqueiro. O álbum audiovisual tem um formato inédito contendo videoclipes, lyric videos, videopartituras e uma obra “eletrovisual” (“Alquimia da Zabumba”), cuja edição videográfica segue o modelo especulativo da composição eletroacústica.

Na playlist popular, o eletrobaião “Sertão Satori” tem letra que combina simbolismo religioso hindu com uma imagética sertaneja, enquanto “Fera do Sol” traz uma harmonia densa sobre pulsação em compasso 7x8. A letra, um poema de tons expressionistas, é entoada por Luiza Fittipaldi e Armando Lôbo. 

A faixa-título “Veneno Bento” é uma parceria entre o compositor mineiro Rodrigo Zaidan e Armando Lôbo, marcada por uma harmonia dissonante e letra que revela o sentido poético do álbum. 

Clássico do repertório de Luiz Gonzaga, “A Morte do Vaqueiro” ganha versão novíssima e inusitada, com backing vocal de Sue Ramos inspirado no aboio. 

Já “Abismo”, Armando apresenta um “aboio progressivo psicodélico”, com letra escatológica que é um soneto inspirado na poesia de Ariano Suassuna. 

Xote de harmonia sofisticada e letra metrificada à moda dos repentistas, “Disparo” tem a participação de Surama Ramos que divide os vocais principais com Armando. 

Canção do escritor e compositor paulista Luciano Garcez, “Incelenças” tem letra que reflete em plano sertanejo o amor cortês medieval.

A playlist de caráter mais erudito abre com “Aboio e Disparada”, dividida em dois momentos: Aboio homenageia a estética micropolifônica do compositor húngaro György Ligeti, e Disparada tem influências de Villa-Lobos e do compositor russo Alfred Schnittke. 

Composição imagética para flauta, acordeão, violino e violoncelo, “Tocaia” propõe uma alucinação sonora dos últimos momentos de Lampião e seu bando. 

Inspirada na música dos ternos de pífanos, a peça "Hubris Cabocla" foi criada para uma combinação instrumental bastante inédita: dois pífanos, dois violoncelos, trombone baixo e percussão. 

Já "Alquimia da Zabumba" é uma peça eletroacústica que usa apenas sons extraídos de uma zabumba com baquetas, mãos e bolinhas de gude.

Assistir na íntegra "Veneno Bento"

https://youtu.be/fcWjEZg92EY 

Ouvir online

https://onerpm.link/337561643650

https://classic.onerpm.com/disco/album?album_number=337561643650

Mais informações 

https://www.armandolobo.com/veneno-bento 

Show de lançamento

17/2, quinta-feira, às 20 horas

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