Festival de Cinema de Gramado terá 48 filmes em competição


O 46º Festival de Cinema de Gramado, que começa amanhã e vai até o dia 25 naquela cidade turística do Rio Grande do Sul, já tem o seu filme de abertura: O Grande Circo Místico, 18º longa-metragem do cineasta Cacá Diegues. Inspirado no poema de Jorge de Lima e com trilha sonora repleta de clássicos de Chico Buarque e Edu Lobo, o longa conta a história de cinco gerações de uma mesma família circense, do apogeu à decadência, passando por grandes amores e aventuras.

Responsável por títulos como Xica da Silva, Bye Bye Brasil, Quilombo, Um Trem para as Estrelas e Tieta do Agreste, Cacá Diegues esteve recentemente no prestigiado Festival de Cannes apresentando O Grande Circo Místico fora de competição. Agora, o diretor desembarca no Palácio dos Festivais para fazer a primeira exibição nacional do longa, previsto para estrear comercialmente nos cinemas brasileiros no dia 6 de setembro.

O elenco de O Grande Circo Místico reúne nomes como Jesuíta Barbosa, Bruna Linzmeyer, Antônio Fagundes, Juliano Cazarré, Marcos Frota, Mariana Ximenes e Vincent Cassel.

A mostra competitiva do festival neste ano  está marcada pela diversidade temática e de linguagem. “Sempre há muita curiosidade sobre qual tema estará em evidência no festival. Este ano temos a satisfação de dizer que não há um tema, há muitos. A marca das mostras competitivas em Gramado será a diversidade, como é o cinema brasileiro e latino-americano”, celebrou um dos curadores do evento, o jornalista Marcos Santuario.

Entre os gêneros, há cinebiografias, drama, comédia, realismo fantástico e animação, por exemplo. Os temas orbitam entre questões contemporâneas como a vida de jovens em grandes centros urbanos, a homossexualidade na terceira idade, ou o sonho de ser jogador de futebol, mas também resgatam a memória e o passado de grandes personalidades e de importantes momentos históricos nacionais. Haverá ainda espaço para a experimentação estética, com obras que prometem surpreender os espectadores.

Serão 48 filmes em competição, 14 em longa-metragem (nove brasileiros e cinco estrangeiros), 14 curtas na mostra nacional, além de outras 20 produções do Rio Grande do Sul, que concorrem na Mostra Gaúcha de Curtas, realizada em parceria com a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Ao todo, 14 Estados e nove países estão representados. E haverá ainda a participação especial de filmes provenientes da Itália, que é o país convidado desta 46ª edição.

Duas homenagens estão previstas: o troféu Eduardo Abelin será entregue ao animador brasileiro Carlos Saldanha – duas vezes indicado ao Oscar e responsável por sucessos de bilheteria como “A Era do Gelo”, “Rio” e “O Touro Ferdinando”. Já o prêmio Cidade de Gramado estará nas mãos de Ney Latorraca, cuja carreira cinematográfica já soma meio século e 23 filmes.

A organização do evento mais tradicional do cinema brasileiro – e o único a manter-se por 46 anos sem interrupção – comemora ainda a ampliação de espaços inclusivos e a preocupação com a responsabilidade social. “Este será o festival com maior inclusão entre todos realizados até hoje, o que para nós, é um fator fundamental. Teremos sessões para cegos e filmes legendados para surdos. Também receberemos um encontro com 400 convidados para debater cinema e acessibilidade”, revelou o presidente da Gramadotur, Edson Néspolo.

Como já se tornou uma tradição, o Festival de Cinema de Gramado será aberto pela mostra de filmes do projeto Educavídeo, em que alunos da rede pública municipal desenvolvem curtas-metragens com equipamento de primeira linha e apoio técnico profissional. O secretário da Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, Victor Hugo, se impressionou com os dados que “revelam a dimensão social do que é esse evento”.

Outro dos curadores, o crítico Rubens Ewald Filho destacou a qualidade das produções brasileiras inscritas para essa edição – fator que dificultou o trabalho da equipe, formada ainda pela diretora argentina Eva Piwowarski. “Era tanto filme bom, interessante, tanta gente talentosa, que as vezes acabávamos entrando em conflito sobre quais selecionar”, disse.

Para dar conta do volume de obras de primeira linha inscritas, os curadores decidiram ampliar a participação de longas brasileiros na mostra competitiva: este ano serão nove filmes concorrendo aos Kikitos. Todos são inéditos no circuito nacional e muitos se destacaram em festivais ao redor do mundo. A vantagem, salientou Rubens, é que o público vai se deparar com uma seleção excepcional na tela do Palácio dos Festivais: “Acho que este ano vai ser o melhor festival que Gramado já viu”, arriscou.

Com a ampliação da participação brasileira na edição 2018 do Festival de Cinema de Gramado, a seleção internacional de longas-metragens precisou ser reduzida. Isso não comprometeu, entretanto, a qualidade da mostra estrangeira, salientou o curador Marcos Santuario: “Procuramos trazer filmes que percorreram os principais festivais do mundo, com a preocupação de que Gramado fosse a janela brasileira para sua exibição.”

Entre os cinco títulos eleitos para a mostra 2018, há longas que competiram em prestigiados festivais, como Berlim, Cartagena, Guadalajara, Málaga, Punta del Este e o Bafici, em Buenos Aires. O protagonismo é dos países do Cone Sul, Uruguai e Argentina, cujos profissionais participam em quatro dos cinco selecionados. Mas haverá espaço para a cultura andina, por meio de uma fábula boliviana, um tema paraguaio, e ainda cinema da América Central, com Costa Rica e México mais uma vez enviando um representante a Gramado.

Competidores

LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS

– “10 Segundos Para Vencer” (RJ), de José Alvarenga Jr.
– “O Banquete” (SP), de Daniela Thomas
– “Benzinho” (RJ), de Gustavo Pizzi
– “A Cidade dos Piratas” (RS), de Otto Guerra
– “Correndo Atrás” (RJ), de Jeferson De
– “Ferrugem” (PR), de Aly Muritiba
– “Mormaço” (RJ), de Marina Meliande
– “Simonal” (RJ), de Leonardo Domingues
– “A Voz do Silêncio” (SP), de André Ristum

LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS

– “Averno” (Bolívia/Uruguai), de Marcos Loayza
– “Las Herederas” (Paraguai/Brasil/Uruguai/França/Alemanha), de Marcelo Martinessi
– “Mi Mundial” (Uruguai/Argentina/Brasil), de Carlos Morelli
– “Recreo” (Argentina), de Hernán Guerschuny e Jazmín Stuart
– “Violeta al Fin” (Costa Rica/México), de Hilda Hidalgo

CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS

– “À Tona” (DF), de Daniella Cronemberger
– “Apenas o Que Você Precisa Saber Sobre Mim” (SC), de Maria Augusta V. Nunes
– “Aquarela” (MA), de Thiago Kistenmacker e Al Danuzio
– “Catadora de Gente” (RS), de Mirela Kruel
– “Estamos Todos Aqui” (SP), de Chico Santos e Rafael Mellim
– “Um Filme de Baixo Orçamento” (SP), de Paulo Leierer
– “Guaxuma” (PE), de Nara Normande
– “Kairo” (SP), de Fabio Rodrigo
– “Majur” (MT), de Rafael Irineu
– “Minha Mãe, Minha Filha” (SP), de Alexandre Estevanato
– “Nova Iorque” (PE), de Leo Tabosa
– “Plantae” (RJ), de Guilherme Gehr
– “A Retirada Para Um Coração Bruto” (MG), de Marco Antonio Pereira
– “Torre” (SP), de Nádia Mangolini

CURTAS-METRAGENS GAÚCHOS – PRÊMIO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

– “À Sombra” (Canoas), de Felipe Iesbick
– “Abismo” (Sapucaia do Sul), de Lucas Reis
– “Antes do Lembrar” (Porto Alegre), de Luciana Mazeto e Vinícius Lopes
– “Coágulo” (São Leopoldo), de Jéssica Gonzatto
– “O Comedor de Sementes” (São Leopoldo), de Victoria Farina
– “Um Corpo Feminino” (Porto Alegre), de Thais Fernandes
– “Entre Sós” (Porto Alegre), de Caetano Salerno
– “Fè Mye Talè” (Encantado), de Henrique Both Lahude
– “A Formidável Fabriqueta de Sonhos Menina Betina” (Pelotas), de Tiago Ribeiro
– “Gasparotto” (Porto Alegre), de Zeca Brito
– “Grito” (Santa Maria), de Luiz Alberto Cassol
– “Maçãs em Fogo” (Porto Alegre), de Bruno de Oliveira
– “Movimento à Margem” (Porto Alegre), de Lícia Arosteguy e Lucas Tergolina
– “Mulher Ltda” (Canoas), de Taísa Ennes
– “Nós Montanha” (Porto Alegre), de Gabriel Motta
– “Pelos Velhos Tempos” (Porto Alegre), de Ulisses da Motta
– “Sem Abrigo” (Porto Alegre), de Leonardo Remor
– “Subtexto” (Caxias do Sul), de Cristian Beltrán
– “Vinil” (Porto Alegre), de Catherine Silveira de Vargas e Valentina Peroni Freire Barata
– “O Viúvo” (Porto Alegre), de Luiz Carlos Wolf Chemale

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