Dorival Caymmi renasce no som do quarteto fantástico


Carlos Motta

O disco "Dorival" foi lançado no ano passado, mas a participação do quarteto formado por André Mehmari (piano), Nailor Proveta (saxofone e clarinete), Rodolfo Stroeter (contrabaixo) e Tutty Moreno (bateria) no Sesc Jazz o torna atualíssimo. O projeto levado pelo Sesc em algumas de suas unidades até o dia 2 de setembro mostra a música instrumental feita em vários países e ligadas entre si pelo gênero nascido nos Estados Unidos - e que hoje se diluiu num sem número de linguagens sonoras. E o show apresentado pelos quatro virtuoses, mais que reproduzir o conteúdo do disco, uma merecida homenagem ao gênio Dorival Caymmi, é prova inequívoca de que o Brasil produz uma das mais criativas músicas do mundo.

No disco e no show, que será apresentado nesta quinta-feira no Sesc Ribeirão Preto e na próxima sexta-feira no Sesc Piracicaba, André, Proveta, Rodolfo e Tutty tocam, com arranjos de tirar o fôlego da plateia, clássicos e composições menos conhecidos da obra mais que perfeita do baiano: "Dora", "Milagre", "Samba da MInha Terra", "Sargaço Mar", "Tão Só", "João Valentão", "Morena do Mar", "A Vizinha do Lado", "Só Louco", e a "Suíte Caymmi", que reúne "Morena do Mar", "Dois de Fevereiro" e "Milagre".

É um Caymmi inteiramente renovado. Suas melodias inspiradas são dissecadas, decompostas e desenvolvidas qual um quebra-cabeças que vai tomando forma, num trabalho que revela, como acentuou Proveta no show de quarta-feira à noite no Sesc Jundiaí, o prazer que os quatro músicos têm pelo que fazem.

André, Proveta, Rodolfo e Tutty se conhecem há longa data: em 1998, Tutty levou os dois veteranos, Rodolfo e Proveta, e o novato André, para tocar em seu disco "Força D'Alma", que trazia algumas composições de Caymmi. Eles voltaram a tocar juntos esporadicamente até que em dezembro de 2016 se reuniram no aclamado Rainbow Studio, em Oslo, para gravar "Dorival". 

A longa viagem até a capital da Noruega valeu a pena. O disco é impecável, técnica e musicalmente. E a plateia que teve o privilégio de escutá-lo ao vivo é testemunha de que nem tudo está perdido neste pobre e imenso país: a sua música, ao menos, é de Primeiro Mundo.

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