Henfil, mais vivo que nunca


Henrique de Souza Filho, o Henfil, morreu há exatos 30 anos, vítima da aids, no Rio de Janeiro, em 4 de janeiro de 1988. O cartunista contraiu o HIV em uma das transfusões que realizava com frequência, já que era hemofílico assim como seus irmãos, o  sociólogo Betinho e o músico Chico Mário.

Henfil é o genial criador de tirinhas famosas nos anos 70 e 80 do século passado, como a Graúna, o Fradim Cumprido e o Fradim Baixim. Engajado na vida política e social do país, seus traços criticavam a ditadura militar. Foi um dos baluartes do semanário "O Pasquim", que combateu, com todas as armas que dispunha, mas principalmente com o humor, o regime dos generais. Além disso, participou intensamente de movimentos importantes, como a mobilização pela anistia a presos e exilados políticos e as Diretas Já!

Mineiro de Ribeirão das Neves, Henfil nasceu em 5 de fevereiro de 1944. Em outubro do ano passado, a sua história foi retratada no documentário "Henfil". Dirigido por Angela Zoe e lançado no Festival do Rio, o filme tem depoimentos de figuras próximas a ele, como seus colegas do Pasquim: Ziraldo, Jaguar, Sérgio Cabral e Tárik de Souza. "É um erro chamá-lo de cartunista, porque ele foi um multiartista", diz Tárik de Souza em um dos depoimentos.

Os 30 anos da morte de Henfil foram lembrado por seu filho, Ivan Cosenza, há dois dias, em postagem no seu blog As Cartas do Pai, onde ele publica rotineiramente mensagens dirigidas ao artista:

Rio de Janeiro, 02 de Janeiro de 2018.

Pai,
Começou mais um ano e daqui a dois dias completam 30 anos que você se foi.


Como o tempo passa rápido!


E como você foi cedo, com 43 anos apenas.

O que fico imaginando é quanta coisa teria feito em mais 30 anos, já que em 25 anos de profissão, produziu tanta coisa boa!

Seus personagens até hoje são usados em campanhas sociais, sindicais, no movimento estudantil e em tantas outras campanhas.

Tá certo que nem todo mundo entende que você sempre foi de esquerda e que jamais usaria seus desenhos para outra coisa que não fosse defender os direitos do povo.

Imagina que no apagar das luzes de 2017, um bajulador do Temer, resolveu usar um desenho seu.

Não escreveu nada, só postou lá a Graúna. Isso mesmo! Logo a Graúna!

Você costumava me dizer: “O Temer é a pessoa mais mau-caráter que já conheci!”. Por isso não consegui deixar pra lá não! Respondi. Deixei meu recado pra ele. Que desaforo!

Vou ficar de olho agora.

E pode deixar que vou continuar usando seus desenhos para aquilo que você sempre acreditou!

Um beijo do seu filho,

Ivan

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