Há esperança ainda...


Carlos Motta

Não importa se faça chuva ou sol, se o preço da gasolina sobe todas as semanas, se vamos ter ou não eleições - o amor, em todas as suas formas, continua, disparado, o tema mais cantado pelos artistas populares.

Há porém outros assuntos que emocionam os poetas e são capazes de fazê-los produzir obras que, de tão belas, resistem ao passar do tempo.

A esperança, por exemplo.

Na música popular brasileira, nenhuma canção expressa tão profundamente esse sentimento quanto a marcha-rancho "Estão Voltando as Flores", de Paulo Soledade, gravada pela primeira vez por Helena de Lima em 1961.

São apenas oito versos, quase singelos, que exprimem um irresistível desejo de viver:


Vê, estão voltando as flores
Vê, nessa manhã tão linda
Vê, como é bonita a vida
Vê, há esperança ainda

Vê, as nuvens vão passando
Vê, um novo céu se abrindo
Vê, o sol iluminando
Por onde nós vamos indo

“Foi uma composição que fiz em quinze minutos, sem violão, sem nada, e que representa para todos que a ouvem um hino de recuperação", disse o seu autor certa feita.

Falta acrescentar um pequeno detalhe a essa história: a marcha-rancho foi feita por Paulo Soledade na pós-convalescência de uma complicada cirurgia.

Lá se vão quase seis décadas de seu lançamento e "Estão Voltando as Flores" continua a emocionar, com a sua mensagem simples e direta de que o tempo ruim não pode durar para sempre e de que "há esperança ainda".

E que siga este incerto ano de 2018!

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