Escritor viaja por suas raízes em Angola, Portugal e Brasil


Ricardo Ferreira nasceu em Banguela, no sul de Angola, em 1966. Com apenas 9 anos, ao início da guerra civil no país, partiu com os pais, portugueses, para Lisboa, onde cresceu junto com a democracia lusitana. Duas décadas depois, em visita de férias à Bahia, apaixonou-se por Salvador, para onde logo se mudou definitivamente.

As vivências da trajetória de vida por três países lusófonos deram origem à trilogia literária “O Grande Banquete”, um resgate das raízes do autor e uma declaração de amor às terras que o acolheram. “Os livros aconteceram naturalmente, sem pressa. Ao longo dos anos, reuni as ideias, experiências e os relatos de vários tempos”, comenta Ricardo. Segundo ele, a iniciativa de transferir para as páginas dos livros sua trajetória e seus pensamentos foi motivada por insistentes pedidos dos amigos.


O primeiro livro, “A Transformação e o Templo” (160 págs., Cogito Editora, R$ 39,90), de 2013, narra as experiências de um português exultante com os atrativos das terras baianas. Sua escrita é descritiva, porém intensa – por vezes até sofrida –, cheia de sons, tons, cores e sabores. O leitor depara com o relato de um apaixonado pela Bahia que viaja pelos mais ricos recantos do Estado, descobrindo desde a Ilhéus da Gabriela de Jorge Amado até a Itaparica de João Ubaldo, enquanto sente o cheiro da terra vermelha que remete à sua infância.


Na sequência, “Viagens à Nossa Volta” (168 págs., Quarteto Editora, R$ 39,90), de 2015, o escritor convida a uma viagem sedutora pelas culturas de Angola, Portugal e Brasil, combinando ficção e realidade em uma busca contemplativa de suas próprias raízes e dos elos que nos unem a todos como cidadãos lusófonos.


A saga se encerra com “Eles e Elas e os Risos do Fado” (202 págs., Quarteto Editora, R$ 39,90), de 2016. Sutil e reflexiva, a narrativa gira em torno de dois estudantes, o português Carlos e a brasileira Lisa, que se conhecem no meio universitário português. A história do casal é apresentada à medida que o leitor é inserido em um passeio romântico pela vida noturna de Lisboa e suas atrações e, em certo momento, cruza o Atlântico para chegar a Salvador.


Elementos centrais na trajetória pessoal e profissional de Ricardo, a lusofonia e a relação entre os países de língua portuguesa constituem-se, simultaneamente, como objeto de inspiração e de crítica para o autor.


Vivendo em “um triângulo afetivo e profissional” entre as três pátrias que o formaram como cidadão e homem, o autor relaciona, de maneira criativa e harmoniosa, suas memórias às histórias dos países e nações.


“Tive a grata oportunidade de vivenciar essas experiências multiculturais, que sem dúvida me tornaram um ser melhor. É essa mistura que me atrai e é sobre isso que escrevo e reflito”, diz o autor.

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