Krajcberg deixa obra de denúncia contra a devastação ambiental


O artista plástico Frans Krajcberg morto na quarta-feira (15) no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, aos 96 anos, deixou uma importante obra no Brasil desde que chegou ao país, em 1948.

Escultor, pintor, gravador e fotógrafo, Krajcberg nasceu, em 1921, em Kozienice, na Polônia, e estava internado havia um mês para tratar de infecções. Ele se destacou com um trabalho de esculturas feito com troncos e raízes queimadas, que marcou a sua luta contra a devastação das florestas e em defesa do ambiente.


Krajcberg participou, em 1951, da 1ª Bienal Internacional de São Paulo com duas pinturas. Logo depois residiu por um breve período no Paraná, isolando-se na floresta para pintar. Em 1956, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde dividiu ateliê com o escultor Franz Weissmann (1911-2005). Naturalizou-se brasileiro no ano seguinte. A partir de 1958, alternou residência entre o Rio de Janeiro, Paris e Ibiza.

Desde 1972, residia em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Ampliou o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais, utilizando troncos e raízes, sobre os quais realizava intervenções. Viajava constantemente para a Amazônia e Mato Grosso e fotografava os desmatamentos e queimadas, revelando imagens dramáticas. Dessas viagens, retornava com raízes e troncos calcinados, que utilizava em suas esculturas.

Na década de 1980, iniciou a série Africana, utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras associados a pigmentos minerais. O Instituto Frans Krajcberg, em Curitiba, foi inaugurado em 2003, recebendo a doação de mais de uma centena de obras do artista.

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