Quem, como eu, viveu os governos da ditadura militar e, depois, os de Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma, deve estar, no mínimo, perplexo, atônito e estarrecido com o que diariamente os canais de informação lhe mostram.
A sensação é de que o Brasil está em frangalhos, prestes a se derreter, passando a se compor de colônias de sobreviventes, ilhas onde os náufragos da tempestade procuram, com os parcos meios de que dispõem, seguir adiante.
Se estava ruim antes, o que dizer de agora?
Não há país no mundo que exiba tantas calamidades a se sucederem em tempo tão exíguo.
O Estado de bem-estar social que se montava está quase todo destruído, fazendo as camadas mais pobres da população retornarem à miséria, e aprofundando a ignóbil desigualdade social e econômica, que é a causa maior de toda a tragédia brasileira.
Setores econômicos inteiros, como a construção civil pesada e a construção naval, estão arrasados.
A maior empresa do país se encolhe dia a dia, numa evidente preparação para ser oferecida ao capital estrangeiro.
O petróleo deixa de ser nosso.
A indústria em geral acompanha o processo de liquefação da riqueza nacional e vai aos poucos desaparecendo,
O comércio também afunda na crise.
O desemprego explode, com suas consequências trágicas.
As prisões, masmorras medievais, são controladas pelo crime organizado.
Cidades mergulham na violência e caos, provocados pela ausência do poder público.
O Judiciário e o Ministério Público continuam sua caçada implacável a todo aquele que ouse manifestar ideias políticas de esquerda.
Em Brasília, os conchavos para que se salve a pele dos ladrões que assumiram o poder central, se intensificam e têm final feliz.
O Brasil já não é nem mais o gigante bobo que sempre foi - com exceção dos anos dos trabalhistas, que deram a ele alguma dignidade.
É hoje, nada mais, nada menos, que um mendigo maltrapilho, corroído por doenças e malcheiroso, do qual todos querem se afastar. (Carlos Motta)
As tranças do careca. Quem apostou no impeachment, ganhou ingresso para assistir a esse clássico do cinema nacional.Estrelando nosso melhor ator, o Mesóclise. Preparem-se para fortes emoções.
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