Sem dinheiro, brasileiro consome menos - e dá menos calote

Os dados que comprovam o blefe que foram as promessas da redenção econômica com o advento do "Brasil Novo" não param de surgir. 

Depois da divulgação da balança comercial de agosto, ratificando a desastrosa queda nas importações, são divulgadas notícias sobre a inadimplência do consumidor, de duas fontes, o Boa Vista SCPC e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil)/Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

De acordo com o primeiro, a inadimplência registrou queda de 4,2% em agosto. Em 12 meses até o mês de referência (entre setembro de 2015 e agosto de 2016 contra os 12 meses antecedentes) houve elevação de 2,2%. Na avaliação contra o mesmo mês do ano anterior, agosto apresentou queda de 10,0%, enquanto no acumulado do ano houve alta de 1,0% frente ao mesmo período do ano anterior.

Segundo a entidade, a cautela do consumidor, a fraca atividade econômica e a diminuição do endividamento das famílias têm agido de modo a compensar os fatores macroeconômicos que pressionam negativamente o orçamento familiar, tais como como inflação em níveis elevados, o aumento do desemprego e a diminuição da renda. Dessa forma, o fluxo de inadimplência permaneceu praticamente estável ao longo de 2016, perspectiva que deverá ser mantida até meados de 2017. 

Já para o SPC Brasil/CNDL, o número de brasileiros negativados caiu pelo terceiro mês consecutivo e atingiu 58,8 milhões em agosto. Em maio, a estimativa apontava 59,3 milhões de inadimplentes e, desde então, passou para 59,1 milhões em junho, 58,9 milhões em julho. Apesar da queda nos últimos meses, esse número é considerado elevado pelos especialistas por representar 39,46% da população adulta no país.

O presidente da CNDL, Honório Pinheiro, até que tentou dourar a pílula, mas não teve jeito: “Ainda é cedo para considerar que a tendência de retração da inadimplência se manterá ao longo dos próximos meses. O país enfrenta dois movimentos distintos na economia e que impactam a inadimplência em direções opostas. Por um lado, há o aumento do desemprego, queda na renda e inflação elevada que restringem o poder de compra da população, afetando negativamente sua capacidade de pagamento. O outro movimento é a maior restrição ao crédito, dada a elevada taxa de juros e a maior incerteza por parte dos tomadores e concedentes de crédito.

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, seguiu a toada: “Esse movimento de desaceleração não necessariamente está ligado a uma melhoria na capacidade de pagar as dívidas pendentes. Com a retomada do ambiente econômico acontecendo de forma lenta, ainda demorará para termos um aumento expressivo do número de empregos e renda, fatores que podem impactar positivamente no pagamento de pendências.” 

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