O PIB do Brasil Novo, um desastre

A economia do Brasil Novo dá sinais inequívocos de que tudo vai ser bem pior daqui para a frente: o IBGE acaba de divulgar o desempenho do PIB do segundo trimestre e, para espanto dos golpistas, a propalada recuperação, os tão falados investimentos, a tão segura volta da confiança dos empresários, estão ainda muito distantes da realidade. 

Os números são arrasadores: o PIB apresentou queda de 0,6% na comparação do segundo trimestre de 2016 contra o primeiro trimestre do ano, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É o sexto resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. Na comparação com igual período de 2015, a variação do PIB também foi negativa (-3,8%). No acumulado dos quatro trimestres terminados no segundo trimestre de 2016, o PIB registrou decréscimo (-4,9%) em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores, verificado também no resultado acumulado do no primeiro semestre (-4,6%), em relação a igual período de 2015. Em valores correntes, o PIB no segundo trimestre de 2016 alcançou R$ 1,5 trilhão. No 1º semestre, a queda foi de 4,6% em relação a igual período de 2015, seguindo a contração de 5,2% no semestre encerrado em dezembro de 2015.

A sequência do texto é do release do IBGE:

A Agropecuária sofreu contração de 2,0%, a Indústria variou positivamente em 0,3% e os Serviços apresentaram recuo de 0,8%.

Na Indústria, houve variação negativa de 0,2% na Construção. A Extrativa mineral e a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana cresceram, respectivamente, 0,7% e 1,1%. Já a Indústria de Transfo ormação (0,0%) manteve-se estável no trimestre.

Nos Serviços, Transporte, armazenagem e correio (-2,1%), Outros serviços (-1,7%), Intermediação financeira e seguros (-1,1%), Comércio (-0,8%) e Serviços de informação (-0,6%) apresentaram queda. Administração, saúde e educação pública (0,5%) variou positivamente e Atividades imobiliárias (0,1%) manteve-se praticamente estável no trimestre.

Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo registrou o primeiro resultado positivo após dez trimestres consecutivos em queda: crescimento de 0,4%. Já a Despesa de Consumo das Famílias (-0,7%) caiu pelo sexto trimestre seguido. A Despesa de Consumo do Governo recuou 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

No que se refere ao setor externo, as Exportações de Bens e Serviços tiveram expansão de 0,4%, enquanto que as Importações de Bens e Serviços cresceram 4,5%.

Quando comparado a igual período do ano anterior, o PIB sofreu contração de 3,8% no segundo trimestre de 2016, o nono resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. O Valor Adicionado a preços básicos caiu 3,3% e os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios recuaram em 6,8%.

Dentre as atividades que contribuem para a geração do Valor Adicionado, a Agropecuária registrou queda de 3,1% em relação a igual período do ano anterior. Este resultado pode ser explicado, principalmente, pelo desempenho de alguns produtos da lavoura que possuem safra relevante no segundo trimestre e pela produtividade, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE - julho 2016), divulgado no mês de agosto. Com exceção do café, que apresentou crescimento na estimativa de produção anual de 11,2%, as demais culturas com safra neste trimestre registraram decréscimo na estimativa de produção anual e perda de produtividade: milho (-20,5%), arroz (-14,7%), algodão (-11,9%), feijão (-9,1%) e soja (-0,9%).

A Indústria sofreu queda de 3,0%. Nesse contexto, a Indústria de Transformação apresentou contração de 5,4%. O seu resultado foi influenciado pelo decréscimo da produção de máquinas e equipamentos; da indústria automotiva e outros equipamentos de transporte; produtos metalúrgicos; produtos de metal; artigos do vestuário; produtos do refino de petróleo e móveis.

A Construção também apresentou redução no volume do valor adicionado: -2,2%. Já a Extrativa Mineral caiu 4,9% em relação ao segundo trimestre de 2015, puxada principalmente pela queda da extração de minérios ferrosos. A atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, por sua vez, registrou expansão de 7,9%, influenciada pelo desligamento de termelétricas no 3º trimestre de 2015 e no 1º e 2º trimestres de 2016.

O valor adicionado de Serviços caiu 3,3% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a contração de 7,4% do Comércio (atacadista e varejista) e de 6,5% de Transporte, armazenagem e correio, puxado pelo decréscimo do transporte de carga e de passageiros. Também apresentaram resultados negativos as atividades de Outros Serviços (-4,2%), Serviços de informação (-3,7%), Intermediação financeira e seguros (-3,3%) e a Administração, saúde e educação pública (-0,9%). As Atividades imobiliárias apresentaram variação positiva de 0,1%.

Pelo sexto trimestre seguido, todos os componentes da demanda interna apresentaram resultado negativo na comparação com igual período do ano anterior. No segundo trimestre de 2016, a Despesa de Consumo das Famílias caiu 5,0%. Este resultado pode ser explicado pela deterioração dos indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda ao longo do período.

A Formação Bruta de Capital Fixo sofreu contração de 8,8% no segundo trimestre de 2016, a nona consecutiva. Este recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações e da produção interna de bens de capital, sendo influenciado ainda pelo desempenho negativo da construção neste período. A Despesa de Consumo do Governo, por sua vez, caiu 2,2% em relação ao segundo trimestre de 2015.

No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram expansão de 4,3%, enquanto que as Importações de Bens e Serviços caíram em 10,6%, ambas influenciadas pela desvalorização cambial de 14,3% e pelo desempenho da atividade econômica registrados no período. Dentre as exportações de bens, os destaques de crescimento foram veículos automotores, agropecuária, metalurgia e papel e celulose. Na pauta de importações de bens, as maiores quedas ocorreram em siderurgia, indústria automotiva, produtos têxteis, vestuário e calçados, eletroeletrônicos e petróleo.

Primeiro semestre

O PIB, no 1º semestre de 2016, apresentou queda de 4,6% em relação a igual período de 2015, seguindo a contração de 5,2% no semestre encerrado em dezembro de 2015. Nesta base de comparação, destaque para o desempenho negativo da Indústria (-5,2%). Já a Agropecuária e os Serviços caíram, respectivamente, 3,4% e 3,5%.

Na análise da demanda interna, considerando a comparação semestral, destaca-se a queda de 13,3% da Formação Bruta de Capital Fixo. A Despesa de Consumo das Famílias caiu 5,6%, enquanto que a Despesa de Consumo do Governo recuou em 1,9%. No que se refere ao setor externo, as Importações de Bens e Serviços apresentaram uma queda de 16,2%, enquanto que as Exportações de Bens e Serviços cresceram 8,2%.

O Produto Interno Bruto, no segundo trimestre de 2016, totalizou R$ 1.530,4 bilhões, sendo R$ 1.318,1 bilhões referentes ao Valor Adicionado a preços básicos e R$ 212,3 bilhões aos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.

A taxa de investimento no segundo trimestre de 2016 foi de 16,8% do PIB, abaixo do observado no mesmo período do ano anterior (18,4%). A taxa de poupança foi de 15,8% no segundo trimestre de 2016 (ante 15,1% no mesmo período de 2015).

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