E lá vai a indústria, descendo a ladeira

Dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE mostram que em maio, após dois meses consecutivos de crescimento, a produção industrial brasileira se manteve estável. No ano, a produção industrial acumulada até maio fechou o período com queda de 9,8% e, em doze meses, recua 9,5%. Na comparação com maio de 2015, a produção caiu 7,8%.

A despeito do crescimento nulo da produção industrial brasileira neste mês, na série livre de influências sazonais, houve aumento de produção em doze dos catorze segmentos pesquisados pelo IBGE. Por um lado, as maiores altas ocorreram respectivamente nos segmentos de outros equipamentos de transporte (9,5%), veículos (4,8%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos (4,3%), perfumaria (3,6%) e metalurgia (3,4%). Por outro lado, as quedas mais expressivas foram registradas nos segmentos de fumo (-12,7%), coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,2%), e produtos alimentícios (-7%).

Na indústria de transformação, que congrega empregos de melhor qualidade e segmentos mais expressivos em ganhos de produtividade, houve queda de 0,6% no mês. Em doze meses a queda já atinge o montante de 10%. Grande parte desta queda se deve ao desempenho de bens intermediários, que compõem a maior parte da produção nacional.

Categorias da indústria de transformação
Fonte: IBGE – PIM

É importante frisar que diversos estudos seminais mostram que o sucesso de crescimento de países hoje desenvolvidos sempre esteve associado à indústria de transformação como mola propulsora do desenvolvimento econômico. Recentemente o sucesso dos países asiáticos como Coreia do Sul e China são exemplos contemporâneos neste sentido. 

No entanto, no Brasil, após a crise dos anos 1980 houve a adoção de uma estratégia de desenvolvimento no mínimo duvidosa. Desde os anos de 1990 a política macroeconômica tem sido extremamente adversa ao setor produtivo. Altas taxas de juros e constantes ciclos de apreciação cambial têm pautado um ambiente hostil à indústria de transformação. Independentemente de crises, a participação da indústria no PIB tem se reduzido paulatinamente e comprometido o crescimento sustentável da economia. Vivemos atualmente o imperativo desta realidade. (Igor Rocha, economista/Fundação Perseu Abramo)

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