Viagem ao passado

Fui abençoado por ser filho de pais maravilhosos.

Minha mãe, a dona Vilma, respirava a vida tão intensamente que morreu jovem.

Meu pai, o capitão Accioly, era tão apegado aos valores de honestidade e Justiça que não resistiu à degradação moral imposta pela "gloriosa" à sociedade brasileira e foi se apagando, cada dia um pouco.

Perdi meus pais há bastante tempo, mas não o suficiente para esquecer que a convivência com eles foi, em parte, responsável pela manutenção de minha sanidade durante a longa noite que sufocou os sonhos de milhões de pessoas.

Eles me educaram, me sustentaram e apoiaram minhas escolhas.

Sem isso, muito provavelmente, também teria sido abatido pela ignorância e inundado pela desumanidade.

Descubro que hoje estou com a idade de meus pais naqueles dias alegres e tristes que passei com eles na Jundiaí cheia de convenções, preconceitos e tabus dos anos 60 e 70.

E sinto que, tal qual naquele tempo, ainda tenho sonhos tolos de viver num mundo melhor, apesar das peças desagradáveis que a vida nos prega.  (Carlos Motta)

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