Por que os interinos não tornam a corrupção um direito de todos?

Entre a série de intenções do governo do Brasil Novo, anunciadas sofregamente pelos neoministros, faltou uma, cujo anúncio talvez o presidente interino esteja guardando para si, tamanha a sua importância: seria conveniente, para o bem de todos, acrescentar, em algum artigo da Carta Magna, que a corrupção é um direito absoluto de todo e qualquer cidadão brasileiro.

Afinal, se o exemplo vem de cima, nada mais justo que o digno ato de corromper ou ser corrompido, de subornar ou ser subornado, seja estendido a todos nós.

Se eles podem, por que nós não podemos?

Levar a todos os brasileiros a percepção de que a corrupção, em qualquer escala ou circunstância, é extremamente salutar para o funcionamento das instituições nacionais, tem sido, até o momento, o feito mais notável dos interinos.

Se antes existia alguma dúvida de que a corrupção era um corpo estranho, ou melhor, indesejável, execrável até, em nossa sociedade, a turma do Brasil Novo chutou essa interrogação para bem longe.

Espera-se agora que o interino convoque, com a máxima presteza, os fieis amigos da imprensa para, numa das confortáveis salas do palácio brasiliense em que se entrincheirou, anunciar a grande realização de seu governo: tornar a corrupção disponível a todos os brasileiros, sem distinção de raça, credo religioso, gênero, preferência sexual ou de time de futebol.

Quem sabe assim a economia não reaja...  (Carlos Motta)

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