A condenação de Dirceu: um recado para a esquerda

O justiceiro do Paraná condenou o ex-ministro José Dirceu, um dos mais importantes quadros da história do PT, a 23 anos de prisão.

No processo presidido pelo justiceiro, que trata da corrupção na Petrobras, não há, como não houve no processo do tal "mensalão", sequer uma prova que incrimine Dirceu, apenas suposições, ilações e acusações de delatores.

Dirceu foi condenado porque representa, queiram ou não seus inimigos, a esquerda que resistiu à ditadura militar e ousou enfrentar a secular oligarquia que impede o Brasil de entrar na era contemporânea.

A sentença do justiceiro se explica, tão somente, como um recado, uma forma de intimidar toda a esquerda brasileira, de mostrar a ela que o país agora está inteiramente dominado por um fascismo mal disfarçado, que não permite discordâncias.

A punição evidencia ainda a intenção de humilhar não só o ser humano José Dirceu, mas todo aquele que, de uma forma ou de outra, é solidário à sua trajetória de vida e à sua ideologia política.

Por último, é necessário observar que uma sentença tão pesada como essa mostra que a Justiça (?) brasileira cada vez mais faz jus à percepção de que nada mais é do que um instrumento a serviço da classe dominante para manter eternamente o status quo econômico e social da sociedade brasileira, esse que a divide entre ricos e pobres, entre a casa grande a senzala, entre os homens de bem e a gentalha.  (Carlos Motta)

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