Blues, baião, Jovem Guarda...Novo álbum do Costume Blue mistura tudo


O grupo Costume Blue, formado em 2106, está lançando seu segundo álbum, chamado "Ausência", no qual mistura o blues norte-americano com o baião de Luiz Gonzaga e o rock da Jovem Guarda, revelando as várias influências musicais de seus integrantes. O vocalista Marcelo Bulhões, que também assume em algumas faixas a guitarra, o violão dobro e instrumentos de percussão, como alfaia e triângulo, traz consigo o sangue nordestino, mais precisamente alagoano, na veia, e Cristiano Araújo, baterista, não esconde sua paixão pelo heavy metal. Aos dois, somam-se Ricardo Marins nos teclados, a pegada soul de raiz de Celso ”Blues” Ferreira no baixo, e a experiência de Alessandro Sá, produtor musical e responsável pela guitarra solo do álbum ”Ausência”. Para os shows, o Costume Blue conta com a guitarra do também experiente Rodney Nascimento.

A mescla de diferentes estilos reflete diretamente nas 14 faixas de ”Ausência”. A animada ”Fogo” finca os seus pés nos blues do Mississipi, flertando com o rockabilly e até mesmo o baião. ”Nunca precisamos fazer esforço para essas combinações, para forçar a costura. Já estava tudo ali, fundido”, diz Marcelo Bulhões.

O estilo musical surgido no fim do século 19 também se faz presente na balada ”Se Viesse Voltar”, enquanto a imagem do sertão e do agreste nordestinos aparecem em ”Fuligem” e ”Entulho do Tempo”, nas quais o instrumento dobro, violão típico do blues, faz a vez da viola nordestina. 

Filho rebelde do blues, o rock está presente em ”Fósforo”, com influência da Jovem Guarda, e em ”Febre” e ”Contanto que eu Vá”. ”Acho que se alguém quiser classificar nossas composições pode chamar de blues-baião, rock-aboio, rock-xote ou balada-blues-canção-jovem-guarda”, diz o baterista Cristiano Araujo.

Do disco ”Ausência”, a banda gravou um videoclipe para a canção ”Febre”, com cenas captadas em pontos turísticos da cidade de São Paulo como a praça da Sé, a avenida Paulista e a rua Augusta. ”A ideia do clipe era traduzir em imagens um estado febril, angustiado e mesmo paranoico na metrópole”, diz Rubén Romero, cineasta peruano radicado em Paris que assina a direção do clipe.
O Costume Blue foi formado em 2016 por músicos que buscavam fundir o blues com a tradição da música nordestina da canção brasileira. Os integrantes se conheceram em Bauru, centro do Estado de São Paulo. ”É curioso que a gente tenha se conhecido lá. Se São Paulo é uma síntese do Brasil, pois tem gente de toda parte do país, o lugar de maior trânsito cultural, fomos nos conhecer justamente no centro desse território cultural”, especula Bulhões.

A partir desse encontro, perceberam afinidades musicais e começaram a se encontrar já com as cabeças pensando em gravar. O trânsito cultural de Marcelo ”entre Alagoas, Bahia, interior e capital paulistana” parece ter fomentado em Ricardo Marins, Celso Ferreira e Cristiano a disposição em ultrapassar barreiras. Quanto a Rodney Nascimento, o trânsito é mais intenso, migrando do Brasil para a França, onde tocou em clubes de jazz nas regiões de Lyon e Lorraine. Mas antes, o Costume fez uma lição de casa do blues, com o álbum de estreia ”que leva apenas o nome da banda” voltado explicitamente ao gênero afro-americano.

Agora, com ”Ausência”, o Costume Blue dá vazão à proposta de colocar no mesmo pacote gêneros musicais que, a princípio, não se misturariam. ”Isso de misturar gêneros não é nada forçado. É tão natural que nem percebemos tanto na hora de compor. Notamos mais no estúdio, com a criação dos arranjos”, diz Ricardo Marins. E por que misturar o blues a ritmos brasileiros: ”Olha, eu sempre gostei de blues, mas de Luiz Gonzaga também. E de Caetano, Gal, Roberto e Erasmo. O Cristiano gosta de rock pesado, mas também de uma balada de viés jovem guarda. O Ricardo gosta de Beatles e Bach, o Celso curte James Brow e música caipira. Por que não ”Se a gente respira uma época que quebra fronteiras de vários tipos, por que com a música seria diferente”, reflete Marcelo.

Nas redes sociais:

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Clipe de "Febre" (segunda faixa do álbum "Ausência"):

http://www.youtube.com/watch?v=CzY1xYeTGxA


Clipe de "Aqui, Não Lá" (sétima faixa do álbum "Ausência"):

http://www.youtube.com/watch?v=sYlGvvOXsEY


Spotify - Álbum "Ausência":


http://open.spotify.com/album/6Pr9WZFtBfBCQAn3xQIOCC

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