"O Barbeiro de Sevilha" abre temporada lírica do Municipal de SP


A temporada lírica 2019 do Teatro Municipal de São Paulo estreia com uma das mais famosas óperas cômicas: "O Barbeiro de Sevilha", de Gioachino Rossini, sob a direção musical de Roberto Minczuk, cênica de Cleber Papa e figurinos e cenários assinados por José de Anchieta.  As récitas serão nos dias 14,15,16,19,20, e 21, às 20 horas, e no dia 17 às 18 horas.

A obra é divertida, sem momentos de monotonia. Um dos trechos mais famosos, "Fígaro... Fígaro", é executado na primeira entrada do "Barbeiro de Sevilha". A ária já foi parafraseada em desenhos animados, como o Pica-Pau.

No enredo, o Conde de Almaviva se apaixona por Rosina. Porém, a jovem tem um tutor, Dr. Bartolo, que a mantém presa dentro de casa, cercada por criados e músicos. Para se aproximar da amada, Almaviva passa a contar com a ajuda de Fígaro, que vende perucas para Rosina e faz o cabelo e a barba de Bartolo. A partir disso, surgem vários planos mirabolantes e hilários que divertem o público há mais de 200 anos.

O barítono Michel de Souza será Fígaro, já tendo interpretado o Conde de Almaviva pela Scottish Opera na ópera "As Bodas de Fígaro", de Mozart. David Marcondes reveza com ele. Marcondes é integrante do Coro Lírico Municipal de São Paulo e, nos últimos anos, o barítono destacou-se nos papéis: Marullo, em "Rigoletto" (2014), Amonasro, em "Aída" (2015), e Zurga, em "Os Pescadores de Pérolas" (2017).

O tenor Jack Swanson (Conde de Almaviva) faz sua estreia na América Latina. Aos 26 anos, natural de Minnesota (Estados Unidos), Swanson está em ascensão no mercado internacional. Após o Sara Tucker Study Grant, ele recebeu o Study and Career Grants, da Richard Tucker Music Foundation, importante prêmio dado a jovens cantores em início de carreira.

Dentre os estreantes em ópera no Teatro Municipal de São Paulo, está Anibal Mancini (Conde de Almaviva) e as sopranos Débora Dibi e Denise Yamaoka que se revezam no papel de Berta.

Como o Dr. Bartolo, está o baixo Sávio Sperandio. Experiente no papel, já interpretou o mesmo personagem no Teatro Colón, em Buenos Aires (2005), no Festival de Ópera de Ercolano/Itália (2007) e no Teatro Real de Madrid (2008). Em noites alternadas, o cantor Saulo Javan assume o papel. Ele já se apresentou no Teatro Municipal de São Paulo nas óperas The Rake’s Progress, Don Giovanni, La Bohème, Falstaff, Salomé, entre outras.

A obra de Gioachino Rossini estreou em 1816. Com libreto do escritor italiano, Cesare Sterbini, é inspirada numa peça homônima do francês Pierre Beaumarchais. Essa ópera foi encenada no Municipal a última vez em 1995. Em mais de 100 anos, o palco histórico de São Paulo acumula cerca de 36 montagens.  De acordo com o maestro Roberto Minczuk, o sucesso mundial da obra se deve à sua leveza. Ele também aponta algumas características sobre a composição. “A música é virtuosística e impressiona com passagens técnicas rápidas, tanto na parte dos solistas, como da orquestra. Interessante que ele utiliza os instrumentos, trompa, flauta, clarinete, de uma forma vocal e as vozes de uma maneira instrumental quando ele quer o virtuosismo, a articulação e a excitação que a história pede”, completa Minczuk.

Para o programa Ópera Curta, da Secretaria de Cultura do Estado, o diretor cênico Cleber Papa já fez uma releitura de "O Barbeiro de Sevilha". Um dos diferenciais da montagem no Teatro Municipal será uma nova roupagem para alguns personagens considerados “secundários”. “Não estamos reinventando a ópera, mas criando situações que se ajustam perfeitamente à maneira de contar a história proposta pelo compositor. Trouxe a minha versão das razões que levam o personagem Ambrogio ser tão sonolento e ampliei a presença cênica da Berta, uma criada que ganha outras dimensões no espetáculo”, acrescenta.

Papa convidou o diretor, cenógrafo e figurinista José de Anchieta para esta produção. “Tenho um enorme prazer em trabalhar com ele, principalmente por ser um artista de longa história. Propus a ele que caminhássemos para uma abstração cenográfica que recriasse a atmosfera de Sevilha (tem até uma bandeira da Andaluzia), com seus altos e baixos, balcões e varandas, janelas grandes etc”, diz. Os dois atos se dividem entre uma vila em Sevilha e a casa de Rosina.

Ao todo, são 75 figurinos nessa produção. “Na questão do figurino não procurei me ater a 1890, 1870. Eu mesclei! Trouxe um pouco mais pra trás e avancei em algumas coisas pra não ficar preso a uma época. O Cleber queria algo mais despojado, criativo, inventivo. Muito embora, eu tenho os elementos básicos da época: as casacas, os gibões, os calções, sapatos”, explica Anchieta que assina o cenário e o figurino.

A comicidade desta ópera-bufa é transferida para as roupas. Os trajes terão uma pegada até circense, como, por exemplo, meias listradas coloridas, que os artistas usarão, inclusive, os pares discrepantes no palco. “Eu estou pedindo aos visagistas para exagerarem um pouco mais na peruca, linha Tim Burton, linha Fellini. Ter um tratamento de invenção, criação, não ficar só na peruca tradicional”, completa. Alguns tecidos foram confeccionados por meio da técnica do patchwork (união de tecidos com formatos variados).

Uma das personagens com mais trocas de figurino é Rosina que chega a usar de cinco a seis trajes diferentes na produção e também mudanças de perucas. “Uma roupa básica e ela usa saias sobrepostas”, explica Anchieta. Isso porque, como “prisioneira”, as peças são uma forma dela exibir sua fortuna.

Já o visagismo terá a sua referência no alvaiade, uma estética comum na época do Romantismo para clarear e dar uniformidade à pele do rosto. "O Barbeiro de Sevilha" é a última ópera do período Romântico.

A produção em dois atos tem aproximadamente duas horas e 30 minutos. Os ingressos variam de R$ 20 a R$ 120.

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