Na próxima terça-feira, dia 18 de setembro, às 19 horas, será realizada na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, a cerimônia de entrega do prêmio Juca Pato da União Brasileira de Escritores (UBE) a Milton Assi Hatoum. "A escolha da UBE recaiu sobre um grande escritor brasileiro, membro da UBE, pelo romance ‘A Noite da Espera’, que é de altíssima qualidade e de leitura obrigatória. Hatoum é um dos maiores escritores de todos os tempos”, diz Durval de Noronha Goyos Jr, presidente da UBE.
Hatoum formou-se arquiteto, já foi professor – tanto de arquitetura quanto de literatura – e sempre gostou de ler e escrever. Como escritor, profissão que hoje é sua principal fonte de renda, obteve reconhecimento por meio de prêmios, traduções, adaptações, teses, pesquisas e fidelidade de seus “bons leitores”. Já escreveu poesia, crônicas, contos e romances.
Hatoum estreou com “Relato de um Certo Oriente” (1989) e, na sequência, vieram “Dois Irmãos” (2000) e “Cinzas do Norte” (2005). Reuniu contos em “A Cidade Ilhada”, em 2006, e escreveu a novela “Órfãos do Eldorado”, em 2008. Suas crônicas estão em ”Um Solitário à Espreita”, de 2013.
No ano passado, lançou “A Noite da Espera”, primeiro livro da trilogia “O Lugar Mais Sombrio”, e já trabalha para finalizar o segundo (previsto para o início de 2019), revelando ter várias outras “inquietações” (entre elas, talvez mais um livro de contos e um segundo volume de crônicas).
"Eu fiquei surpreso por ter sido escolhido! A gente nunca espera e nem escreve para ganhar prêmios. Costumo dizer que o grande prêmio do escritor é o leitor talentoso; um bom leitor. Mas fico honrado, pois é um prêmio que já foi dado a grandes intelectuais brasileiros. Alguns eu tive o grande prazer de conhecer e conversar, a exemplo de Antonio Candido, e outros grandes que já ganharam o Juca Pato", comentou Hatoum, acrescentando que gosta de todos os gêneros.
"Gosto da literatura, gosto do teatro também. Mas quando penso numa história, e ela não cabe num conto, passo para o romance. Então eu não tenho um gênero preferido, embora considere a poesia como o grande gênero da literatura. A poesia é o mais difícil. Ela pede um ritmo, um tom e uma construção muito particulares que só poucas pessoas conseguem. Eu escrevo poesia clandestinamente, nunca me interessei em publicá-las – acho que nem devo, no momento. Mas os poetas talentosos têm alguma coisa de mago. É difícil dizer ‘eu quero ser poeta’. Você é poeta. Como dizia Bandeira, o poema se escreve", finaliza.
O prêmio
O Juca Pato é o principal prêmio para homenagear a intelectualidade brasileira. Criado pela UBE em 1962, tem por objeto conferir uma homenagem àquele que, no ano anterior, tenha publicado uma obra de grande impacto e repercussão nacional.
O Prêmio Juca Pato leva o nome da personagem criada pelo jornalista Lélis Vieira e ilustrada pelo caricaturista Benedito Carneiro Bastos Barreto para o jornal “Folha da Manhã”. A figura representava, em suas características, o escritor brasileiro.
Desde a criação, o Prêmio Juca Pato vem sendo outorgado regularmente – a cada ano – pela UBE. O primeiro a recebê-lo foi o advogado, escritor e chanceler Santiago Dantas por “Política Externa Independente”. Érico Veríssimo, Jorge Amado, JK, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Callado, Antonio Candido, entre outros grandes nomes, também receberam a premiação..
Dentre os 61 escritores já premiados, quatro foram mulheres: Cora Coralina (1983), Rachel de Queirós (1992), Lygia Fagundes Telles (2008) e Renata Pallottini (2017).
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