Atriz palestina debate seu trabalho em SP


A atriz palestina Hiam Abbas será homenageada, em São Paulo, no dia 17 de setembro, segunda-feira, como parte de uma série de atividades promovidas pela Plataforma Beit21 para o lançamento do Festival de Arte Palestina Contemporânea no Brasil, a ser realizado em novembro. 

Hiam Abbas é uma das grandes atrizes da atualidade, com extensa carreira de realizações em cinema, teatro e televisão. A semana de atividades destacará distintos aspectos de seu trabalho e coincidirá com uma turnê teatral, promovida pela Aliança Francesa, que ela realizará no Brasil com a peça “A França contra os robôs”, adaptada de obra homônima do escritor George Bernanos.

A homenagem terá início em 17 de setembro, com um bate-papo poético e musical. A atriz falará sobre sua trajetória, trabalhos, sobre o cinema, teatro e questões que marcam sua percepção sobre arte e sociedade. No palco, além de Hiam, estará o músico Sami Bordoukan, em uma apresentação intimista com voz e alaúde, executando músicas palestinas eruditas e populares do século passado, entremeadas com declamação de poesias palestinas de autores como Mahmoud Darwich.

No dia 18 haverá o espetáculo teatral “A França contra os robôs”, um monólogo adaptado do texto de Georges Bernanos, interpretado por Jean-Baptiste Sastre, seguido de bate-papo com elenco e a atriz, que montou a concepção da peça, uma promoção da Aliança Francesa.

No dia 19 será realizado um debate abordando o trabalho de Hiam como diretora cinematográfica. Será exibido o filme “Herança”, dirigido por ela, seguido de um bate-papo com a atriz Fernanda Azevedo, da Cia. Kiwi de Teatro.

A plataforma Beit21

Coordenada por Ahmed Zoghbi, Arturo Hartmann e Geraldo Adriano Campos, a plataforma Beit21 é um projeto de mobilidade artística e cultural que visa promover a circulação de ideias e pessoas relacionadas à produção artística contemporânea no Sul global. “Desejamos criar pontes, estabelecer conexões, aproximar olhares entre artistas de diferentes regiões que enfrentam desafios na luta por direitos e por liberdade, perfurando os muros e descolonizando processos que inviabilizam o processo de colaboração artística e criação estética de forma transnacional”, afirma Geraldo Adriano Campos.

“O projeto que aqui apresentamos consiste na criação, pela primeira vez no Brasil, de uma plataforma permanente voltada para a discussão sobre a produção artística palestina contemporânea, com a sensibilidade necessária para estabelecer relações entre as esferas sociopolítica e estética”, diz Arturo Hartmann.

“Temos como objetivo, com isso, propiciar olhares cruzados entre realidades sociais diferentes, América Latina e Oriente Médio, conectadas por fluxos de imigrantes e refugiados; e marcadas por formas especificas de inserção na condição global do século XXI”, afirma Ahmed Zoghbi.

Contexto do projeto

Em 1948, ocorreram dois eventos com significativos desdobramentos históricos mundiais: a proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas (em 10 de dezembro) e a Nakba (catástrofe), que resultou na expulsão de cerca de 800 mil palestinos e na criação do Estado de Israel. O ano de 2018, marcado, portanto, por essa dupla efeméride, convida a rememorar os 70 anos da ironia da coincidência da data como emblema das contradições que alimentam os conflitos atuais.

A arte palestina, que vem recebendo enorme atenção internacional nas últimas décadas por parte de festivais, museus, universidades, galerias, é definida por sua pluralidade, seja no campo das linguagens estéticas, do perfil dos artistas ou de suas temáticas.

Um olhar para essa produção artística contemporânea revela, portanto, novas chaves de compreensão que apontam para uma das mais elaboradas facetas do debate político atual: a crítica social presente nas expressões estéticas. Mesmo com todo reconhecimento internacional, infelizmente, a América Latina ainda não foi capaz de estabelecer um diálogo com essa produção artística palestina, salvo espaços pontuais de exibição cinematográfica.

Todas estas características fomentam a elaboração de formas estéticas que são, ao mesmo tempo, profundamente singulares e absolutamente emblemáticas da condição política global contemporânea.

Em novembro, haverá a continuidade das atividades do ano de 2018, com a realização do 48-18 – 1º Festival de Arte Palestina Contemporânea na América Latina e o lançamento inédito de uma plataforma de residências artísticas, como parte da rede internacional de residências artísticas para palestinos, lançada em Paris, em junho de 2018. A primeira edição do Festival em novembro, organizado em uma perspectiva transdisciplinar, contemplará a participação de alguns dos maiores nomes da arte palestina atualmente, como os irmãos Tarzan e Arab Nasser, Kamal Aljafari, Larissa Samsour e AbdulRahman Katanani, entre outros, que, com diferentes enfoques, abordarão a questão: “O que é o contemporâneo na Palestina?”. 

Serviço

Homenagem a Hiam Abbass

17 de setembro (segunda), 19h30: Bate-papo e primeiro dia de homenagens a Hiam Abbas: uma conversa sobre as diferentes facetas da obra da atriz - a Palestina e a carreira de Hiam Abbas / juntos aos músicos Claudio Qairouz, Sami e William Bourdokan

18  de setembro (terça), 20h - Apresentação do espetáculo teatral "A França contra os robôs", adaptada do texto homônimo de George Bernanos, seguida de bate-papo.

19 de setembro (quarta), 19h30: Sessão de cinema com Hiam Abbas // exibição de filme "Inheritance", dirigido por ela, seguido de conversa com participação de Letícia Sabatella.

Teatro da Aliança Francesa

Rua General Jardim, 182 – São Paulo

Ingressos: gratuitos; retirar com uma hora de antecedência no local.

Todos os eventos contarão com tradução para o português e/ou legendagem

Mais informações: (11) 3572-2379

http://www.teatroaliancafrancesa.com.br/

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