Carlos Motta
O futebol ainda é a grande paixão do brasileiro, apesar de todas as maracutaias, empulhações e safadezas que fazem para torna-lo execrável.
Mas, mistério, os artistas nacionais dão quase nenhuma importância a esse esporte.
Poucos livros, poucos filmes, poucas músicas, se inspiraram na magia da bola que vai de pé em pé, que voa e estufa as redes e desorienta o entendimento do mais intelectual dos homens.
O genial Chico Buarque, que nunca escondeu seu amor ao futebol, é uma exceção, tendo composto e gravado uma das mais emocionantes homenagens aos seus ídolos futebolísticos (na foto ele aparece com o maior deles, o centroavante Pagão).
"O Futebol" é uma obra-prima que merece ser sempre lembrada - ainda mais nestes dias em que rapazes milionários representam o futebol brasileiro na maior competição do planeta, na distante e exótica Rússia.
Para estufar esse filó
Como eu sonhei
Só
Se eu fosse o Rei
Para tirar efeito igual
Ao jogador
Qual
Compositor
Para aplicar uma firula exata
Que pintor
Para emplacar em que pinacoteca, nega
Pintura mais fundamental
Que um chute a gol
Com precisão
De flecha e folha seca
Parafusar algum joão
Na lateral
Não
Quando é fatal
Para avisar a finta enfim
Quando não é
Sim
No contrapé
Para avançar na vaga geometria
O corredor
Na paralela do impossível, minha nega
No sentimento diagonal
Do homem-gol
Rasgando o chão
E costurando a linha
Parábola do homem comum
Roçando o céu
Um
Senhor chapéu
Para delírio das gerais
No coliseu
Mas
Que rei sou eu
Para anular a natural catimba
Do cantor
Paralisando esta canção capenga, nega
Para captar o visual
De um chute a gol
E a emoção
Da ideia quando ginga
Para Mané para Didi para Mané Mané para Didi para Mané para Didi para
Pagão para Pelé e Canhoteiro
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