São João de Caruaru terá 22 dias de festa


De 1º a 30 de junho, Caruaru vai provar mais uma vez por que é considerada a “Capital do Forró”. Durante todo o mês, a cidade contará com 22 dias de festa, espalhada por 21 polos de animação. Nomes de peso nacional fazem parte da grade do Pátio do Forró, maior polo de entretenimento.

O público estimado para este ano é de mais de 2,5 milhões de pessoas. Além dos nomes de peso no cenário musical que atraem multidões, a valorização da tradição cultural tem sido uma marca da festa em Caruaru. Repetindo o sucesso do ano passado, a prefeitura vai ampliar ainda mais o São João Rural, que, em 2017, levou o caminhão-palco para quatro localidades e que, agora, chega a dez.

Outra novidade é que o Alto do Moura, bairro que concentra diversos ateliês de ceramistas, museus, bares, restaurantes, pousadas, grupos musicais e de danças regionais, terá dois espaços destinados à cultura: o Polo Mestre Galdino, com um Centro de Arte Figurativa, que reunirá, num Pavilhão de Arte em Barro, cerca de 60 estandes; e o Polo Mestre Vitalino, com shows de grandes nomes da música regional.

“Entendemos que a descentralização, levando a festa à Zona Rural, e a valorização de todas as representações artísticas, como o artesanato, mostram o grande potencial da nossa gente. O São João, da forma como foi pensado, apresenta boa parte das riquezas de Caruaru, que se destaca não só pela cultura, mas pelo turismo e por outras atividades econômicas, como o comércio e a indústria da moda”, explica a prefeita da cidade, Raquel Lyra.

A abertura oficial será realizada no sábado (2/06), a partir das 19 horas, na Estação Ferroviária. Mas quem chegar à cidade na sexta (1º) já pode desfrutar de uma prévia do São João 2018, com apresentações nos polos da Estação e no sítio Pau Santo, na Zona Rural – que recebe a primeira apresentação do São João na Roça.

No Pátio do Forró, a festa começa também no sábado (2/06), com apresentações da Orquestra de Pífanos e Maestro Mozart Vieira, da banda Fulô de Mandacaru, da cantora Elba Ramalho e do cantor Jonas Esticado.

Os espaços para as apresentações das quadrilhas juninas, para os pequenos, declamadores e repentistas e o autêntico pé de serra também estão garantidos. O público alternativo terá à sua disposição o Polo Azulão, que traz um som com uma pegada mais pop com nomes como Cordel do Fogo Encantado.

Para garantir a segurança, o Centro de Comando e Controle Integrado, que no ano passado registrou uma redução de 38% nos índices de violência, também estará funcionado com 45 câmeras. Os profissionais envolvidos começarão a trabalhar já no primeiro dia da festa.

Ronaldo Fraga, mais uma vez, assina a Identidade Visual do São João. Este ano, a ilustração dos dançarinos, que fizeram tanto sucesso em 2017, mostrará a quadrilha junina vista de lado e não mais de cima, fazendo uma referência ao Mané Gostoso – boneco típico do artesanato caruaruense – e a uma tesoura que representa a importância do Polo de Moda do Agreste.

Democratização, descentralização, investimento nas várias representações da arte e na segurança das pessoas. Assim, Caruaru se prepara para mais um grande São João.

Em Caruaru, as comidas típicas equivalem aos bonecos gigantes do Carnaval de Olinda. A partir de 2 de junho, toda a cidade estará envolvida com o Festival de Comidas Gigantes que, este ano, trará 30 pratos típicos da região. Caruaruenses e visitantes poderão se deliciar com pratos gigantes de cuscuz, bolo de milho, pé de moleque e mungunzá, entre outros. Além disso, o Polo Gastronômico da cidade contempla lugares como o Alto do Moura, Rua da Má Fama e a Feira de Artesanato, onde turistas e caruaruenses podem degustar os mais variados pratos regionais.

Pelo segundo ano, a escolha das atrações que se apresentam na festa foi mais democrática. O edital de contratação artística recebeu 744 inscrições, dessas, 617 foram aprovadas. A seleção garante que 60% da grade geral seja ocupada por artistas inscritos no edital.


A escritora e compositora Fátima Marcolino; a boleira Maria do Bolo; o colunista social Jotta Lagos; o escritor, historiador e compositor Nelson Barbalho; e o organizador de festas Zé Lucía do Palhoção serão os grandes homenageados deste São João (os três últimos in memoriam).

Nelson Barbalho de Siqueira nasceu em Caruaru em 2 de junho de 1918. Filho de comerciantes, foi aluno do poeta Augusto Tabosa. Escreveu para jornais da cidade e revistas literárias, onde publicou crônicas e textos baseados em lembranças e memórias. Foi um grande compositor de forró e baião, tendo várias composições gravadas por Luiz Gonzaga, como Capital do Agreste, Comício no Matão, Xote das Moças e a toada A morte do Vaqueiro (que se tornaria um clássico, dando origem à Missa do Vaqueiro). Nelson morreu no dia 22 de outubro de 1993.

Juvanci Brasilino Lagos, mais conhecido como Jotta Lagos, nasceu em 16 de novembro de 1948. Atuou por 49 anos no colunismo social e ficou conhecido por promover eventos como o “Grande Noite”, que reconhecia a importância das pessoas que foram destaque durante o ano. Além disso, atuava no Jornal do Jotta; comandava, há 30 anos, o programa semanal “Jotta Lagos em Sociedade” na Rádio Liberdade; produzia, ainda, o famoso “Forró Society” e estava empenhado na construção da sua biografia. Jotta morreu em 12 de janeiro de 2018, vítima de um edema pulmonar agudo.

Paraibana que adotou Caruaru, Fátima Marcolino é compositora, escritora e poetisa. Herdou do pai, Zé Marcolino, também paraibano, o dom de compor músicas que retratam o dia a dia do nordestino. Um dos grandes momentos da vida da poetisa foi o encontro com Luiz Gonzaga, que fez um show em homenagem ao seu pai, um ano depois da sua morte. Lançou, recentemente, seu livro de poesias A mesa da cozinha lá de casa. Dentre as composições famosas, em parceria com o irmão Bira Marcolino, estão Siá Felícia, A cartilha da canção e Porteira da Saudade.

José Severino de Arruda, conhecido como Zé Lucía do Palhoção, era natural de Surubim e adotou Caruaru como cidade do coração, onde viveu a maior parte da vida. Apaixonado por São João e forró, passou a organizar, nos anos 1970, festas de rua nos bairros durante o período junino. Em 1975, inaugurou a Casa do Forró (localizada onde atualmente funciona a Casa dos Pobres São Francisco de Assis). O primeiro show da casa foi de Luiz Gonzaga. O local se firmou como um dos espaços mais importantes do forró na cidade. Zé Lucía também organizou o Palhoção do Bairro Petrópolis e concurso de quadrilhas na Avenida Rio de Janeiro, no bairro São Francisco. Faleceu há nove anos.

Maria Eugênia da Silva, conhecida por Maria do Bolo, é mãe de seis filhos e responsável por uma das festas de comidas gigantes mais tradicionais de Caruaru, o Pé de Moleque gigante. Há 21 anos, ela idealizou a festa, realizada no bairro das Rendeiras, e que atrai milhares de moradores de toda a cidade. A iguaria de D. Maria chega a pesar 800 kg. Atualmente, o filho mais velho é um dos responsáveis pela produção do bolo gigante e D. Maria é a coordenadora do evento.

Comentários