Fotógrafo mostra aumento da miséria em Porto Alegre




Como lidar com o aumento da miséria, do desemprego, das pessoas que vivem pelas ruas e se alimentam nas latas de lixo, com as centenas de lojas que fecham as portas, das ruas sujas e abandonadas, da cidade desamparada? Motivado por questionamentos angustiantes como esse, o artista visual Leandro Selister vem se dedicando ultimamente a registrar em fotografias a triste realidade nas ruas de Porto Alegre.

– Nos últimos anos, toda essa situação vem se agravando não apenas em Porto Alegre, mas no Brasil e no mundo. O projeto "Tristicidade" quer mostrar aquilo que não estamos enxergando ou aquilo que fazemos de conta não enxergar. Não é a exploração de uma situação crítica e triste. Antes disso, é um chamado, um alerta para que possamos pensar em alternativas juntos – explicou.


O artista criou uma palavra para dar conta desse sentimento – inclusive definindo-a como um verbete de dicionário: "Tristicidade. 1. Qualidade ou estado de desilusão em relação aos acontecimentos do cotidiano; abandono, mal-estar."


O projeto Tristicidade – Cartografias do Abandono e da (In)Visibilidade começou em janeiro deste ano por meio de uma conta específica criada no Instagram, @tristicidade, na qual as imagens estão sendo compartilhadas. A partir da exposição INSULARES, o projeto convidou as pessoas a participarem também com registros próprios de sua visão da cidade a partir desse tema. As imagens devem ser compartilhadas com a hashtag #tristicidade para que possam fazer parte do Instagram do projeto, acrescentando, se quiser, o nome da cidade como hashtag também – exemplo: #portoalegre.

No dia 7 de abril, o artista realizou outro desdobramento desse projeto: alugou um quarto em um hotel no centro histórico da cidade e passou 24 horas fotografando o que via pelas ruas da capital.


– Foi uma das experiências mais tristes da minha vida. Imagina o que eu senti ficando 24 horas acordado, percorrendo as ruas da cidade e registrando a fome, a miséria, pessoas drogadas, dormindo no chão, comendo em latas de lixo, famílias de ambulantes com crianças pequenas, homens, mulheres, crianças...  É um quadro desesperador e que precisa ser revertido, senão as pessoas vão morrer e nós vamos assistir a isso tudo. É impossível viver em um mundo assim. Chegamos ao fundo do poço mesmo, desabafa.

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