Bienal de arte digital segue este mês para Belo Horizonte


A primeira edição da Bienal de Arte Digital, no Centro Cultural Oi Futuro (Rua 2 de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro) reúne obras de arte tecnológica de artistas nacionais e internacionais, todas selecionadas sob o tema linguagens híbridas. Exposições inovadoras, como “Caravel”, escultura cinética do artista-cientista brasileiro Ivan Henriques que é capaz de extrair energia do metabolismo de bactérias anaeróbicas em um processo que também é capaz de filtrar águas poluídas, permanecem no local até 18 de março.

Depois disso, a Bienal segue para Belo Horizonte, onde a programação ocorrerá entre os dias 26 de março e 29 de abril no Conjunto Moderno Da Pampulha - Museu de Arte da Pampulha (MAP), com patrocínio da Oi, Cemig, Accor Hotels, Mastermaq, Belotour e apoio cultural Oi Futuro e Conjunto Moderno da Pampulha. Para ver um vídeo com as exposições clique aqui: https://we.tl/6sKr1NoDW2.

“O discurso da Bienal e as questões debatidas por ela são completamente atuais. Acho importante e relevante nossa sociedade poder ver este tipo de trabalho porque a arte tem esse fator de instigar, aproximar, trazer curiosidade e sentimentos”, afirma Ivan, que desenvolveu a bioarte “Caravel” em parceria com a Universidade de Gante, na Bélgica, e contou com o apoio do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) para cultivar no Rio de Janeiro a bactéria necessária para a exposição.


Entre as artes expostas está “Espelho Sonoro”, desenvolvido pelo brasileiro Rodrigo Ramos, que pretende recriar o equipamento utilizado por soldados na Primeira Guerra Mundial para captar o som de aproximação de exércitos adversários, mas com o intuito de fazer o público perceber com clareza os sons do cotidiano que passam despercebidos. Já o artista curitibano Jack Holmer traz pela primeira vez ao Brasil o seu “Manifesto Contra a Gravidade”, após apresentações nos Estados Unidos e em Israel. Trata-se de robôs de impressão 3D elaborados para flutuar e se movimentar de acordo com a aproximação do público, desafiando as leis da física.


“Quando temos essa junção de artistas do mundo inteiro, como ocorre aqui na Bienal de Arte Digital, mostramos que os pontos de pesquisa, apesar de estarmos trabalhando com engenharia, matemática, ciência e poética, eles são os mesmos pontos da arte contemporânea”, analisa Jack Holmer, que também é professor de Poéticas Tecnológicas na Unespar/Escola de Música e Belas Artes do Paraná.


Entre as exposições internacionais estão “Bloques Erráticos”, do chileno e diretor da Universidad de Chile Daniel Cruz, obra realizada somente com garrafas de água e iluminação que exibe um poema em prol da preservação das geleiras; e “Langpath”, do espanhol Sóliman Lopez, estrutura que capta os movimentos do expectador e busca mostrar a velocidade com que os dados chegam a outros servidores ao redor do mundo.


“Com o Langpath busco mostrar como o mundo digital está trabalhando por trás do que vemos e quão grande é o esforço para manter nossa nova cultura e nosso ambiente digital de comunicação”, explica Lopez, da Escuela Superior de Arte y Tecnologia de Valencia, na Espanha.


A proposta da Bienal é se tornar uma agenda nacional de arte digital e mostrar a cada dois anos obras e exposições que reflitam temas sociais importantes, evidenciando que a arte possibilita à tecnologia exibir suas experiências sociais. 


As configurações atuais da arte tecnológica têm se fundido com a vida contemporânea, num processo viral de trocas incessantes entre o mundo real e o simulado. Criam-se trabalhos híbridos, nos quais o digital e o analógico, o natural e o artificial, o real e o virtual, se atravessam. A tecnologia passou a ser vista como um fator constitutivo da vida humana  e com a biotecnologia, a própria vida. As pesquisas científicas são reapropriadas e se transformam em linguagens artísticas, através do uso da interatividade, virtualidade, sistemas híbridos e imersão.

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