Um ano de homenagens ao mestre Jacob


Toda a programação deste ano do auditório Radamés Gnattali da Casa do Choro, no Rio,  será dedicada a Jacob do Bandolim, como homenagem ao seu centenário de nascimento (14 de fevereiro de 1918). A Casa do Choro é uma instituição atuante no terreno da educação musical, preservação e divulgação da música popular carioca, em especial o choro.

A abertura das comemorações será feita, amanhã, quarta-feira, pelo regional da Casa, formado por Luciana Rabello e Jayme Vignoli (cavaquinhos), Rafael Mallmith (violão), Rogerio Caetano (violão de 7 cordas) e Celsinho Silva (pandeiro), que tocará com os bandolinistas Hamilton de Holanda, Luís Barcelos e Pedro Amorim. Serão dois espetáculos, às 19 horas e às 20h30.  

Nos dias 5 e 6 de abril, apresenta-se Deo Rian, com seu grupo. Ainda estão sendo marcados para abril um show com o grupo Bandolinata, e em maio um com o Época de Ouro, conjunto criado por Jacob, em sua nova formação. Esse espetáculo do Época vai também prestar uma homenagem ao violonista Dino Sete Cordas, integrante do grupo falecido em 2006, que completaria 100 anos naquele mês. Já Hamilton de Holanda dedica o seu Baile do Almeidinha, nesta quinta-feira, no Circo Voador, todo a Jacob.       
 

Jacob Pick Bittencourt foi, na opinião de músicos e pesquisadores, o "inventor" da escola brasileira de bandolim, e até hoje, quase 50 anos depois de sua morte (13 de agosto de 1969, aos 51 anos), continua influenciando músicos de todo o país.

Foi também um compositor genial, com obras já clássicas no repertório dos grupos de choro, e um pesquisador obcecado da música brasileira, especialmente do gênero ao qual foi fiel em toda a sua carreira.

Seu legado artístico está perpetuado no site do Instituto Jacob do Bandolim e a sua trajetória pode ser apreciada na série de documentários intitulada "Vibrações - o Som de Jacob do Bandolim", produzida pela Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles. 

O vídeo acima reproduz importantes depoimentos sobre o músico Jacob do Bandolim. E o parágrafo abaixo, extraído de uma matéria de José Teles, colunista e crítico musical do Jornal do Commercio, do Recife, sintetiza o que o mestre achava do choro:


"Conservador, Jacob do Bandolim não aceitava modificações na estrutura do chorinho, conforme foram determinadas por Pixinguinha, para ele o maior de todos os chorões. Afirmava que “choro era primeiro ritmo, depois melodia, a harmonia pouco importava”. Considerava que o chorinho existiu desde quando Pixinguinha o definiu, na segunda década do século 20, até o começo dos anos 60. Em 1963 já estaria morto. Diferenciava o verdadeiro chorão do que chamava de 'estante'. Este seria o que tocava pela partitura, incapaz de improvisar: 'O autêntico é o que aprende o tema e o desenvolve, é antes de tudo, um improvisador.' Jacob, que morava numa casa na distante Jacarepaguá, onde aconteceram memoráveis rodas de choro, era radical também quanto a um elemento indispensável ao gênero: 'Não se compreende o choro sem um quintal, e os quintais estão rareando dia a dia.'"

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