Carlos Motta
No sábado, 3 de fevereiro, a partir das 13 horas, a Livraria Folha Seca (Rua do Ouvidor, 37, Centro, Rio de Janeiro) vai abrigar o lançamento de "O Espírito Afro-Latino na Poesia de Nei Lopes", de Mirian de Carvalho, e o relançamento de "O Samba, na Realidade: a Utopia da Ascensão Social do Sambista", o primeiro dos 37 livros que o compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas publicou.
"O Espírito Afro-Latino..." foi classificado em 2º lugar (Prêmio Vianna Moog) no Concurso Literário Nacional e Internacional da União Brasileira de Escritores. Mirian de Carvalho, doutora em filosofia, diz que para produzir o seu ensaio, releu várias vezes "Poétnica", livro de poemas escritos por ele no período de 1966 a 2013. Ela concluiu que as poesias de Nei Lopes configuram-se uma epopeia - "uma epopeia afro-latina a irmanar aqueles dois continentes" - África e América.
Teses à parte, a produção cultural-artística de Nei Lopes é impressionante. São dele, por exemplo, o "Dicionário Banto do Brasil", a "Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana" e "História da Cultura Africana e Afro-Brasileira", entre outras obras que o colocam entre os maiores especialistas da delicada temática da formação da sociedade brasileira.
Mas Nei vai além do academicismo.
Escreveu, além de poesias, contos, crônicas e romances. E é compositor profissional desde 1972 - algumas obras-primas da música popular brasileira são de sua autoria.
Nei, bacharel em direito e ciências sociais, é também PhD em samba.
A qualidade de sua produção musical faz dele titular do primeiríssimo time da MPB.
Outro dia, remexendo os CDs espalhados pela casa, achei um que não escutava fazia tempo, "De Letra e Música", produzido pela Velas no ano 2000, e que traz Nei Lopes e alguns de seus amigos: Alcione, Arlindo Cruz e Sombrinha, Chico Buarque, dona Ivone Lara, Dudu Nobre, Dunga, Emílio Santiago, Fátima Guedes, Guinga, Joyce, João Bosco, Martinho da Vila, MPB4, Toque de Prima, Wilson Moreira, Zeca Pagodinho e Zé Renato.
Botei para tocar e uma hora e pouco depois, estava pasmo.
Fazia anos que não ouvia algo tão bom: um disco sem nenhuma música mais ou menos, sem nenhum arranjo apressado, sem nenhuma interpretação displicente, tudo num nível altíssimo, para além da abóboda celeste.
E com algumas composições que estão no topo da cadeia alimentar dos mais exigentes e vorazes caçadores de tesouros musicais, como "Senhora Liberdade", "Goiabada Cascão", "Coisa da Antiga", "Tempo de Glória", "Gostoso Veneno" e "Gotas de Veneno", em parceria com Wilson Moreira; "A Senhora da Canção", emocionante homenagem a dona Ivone Lara, feita com Cláudio Jorge; e "Tempo do Dondom" e "Samba do Irajá", só de Nei Lopes.
O CD deve estar esgotado, mas dá para ouvi-lo inteiro na internet:
É de fazer, como se dizia antigamente, cair o queixo.
€ preciso refundar o Brasil, só com seu Povo. Os tres poderes seriam o Urinativo
ResponderExcluirDefecativo e Fuderativo. Mais nada.