Carlos Motta
Entra ano, sai ano, quando chega o carnaval, fica a dúvida entre os organizadores dos blocos e chefes de orquestras e bandinhas: que músicas tocar nestes tempos do politicamente correto?
Para evitar confusão, alguns hits consagrados no passado, como "Cabeleira do Zezé" e "Maria Sapatão", ambos de José Roberto Kelly, um dos mais prolíficos compositores de marchinhas carnavalescas, já foram banidos do repertório da quase totalidade dos blocos.
Há casos meio dúbios, como "O Teu Cabelo Não Nega" (Irmão Valença e Lamartine Babo), talvez a marchinha mais tocada de todos os tempos, ao lado de "Mamãe Eu Quero" (Jararaca e Vicente Paiva), que alguns consideram ofensiva aos negros.
Essa é uma discussão interminável.
Certo que o carnaval pode muito bem passar sem essas músicas, mas o espírito da festa não é o da liberdade, brincadeira, alegria e até deboche?
O excelente Eduardo Dusek, que compõe todo ano uma marchinha de carnaval, para, como diz, manter o gênero vivo, fez, com o veterano João Roberto Kelly, uma musiquinha que goza do politicamente correto - pelo menos em se tratando de carnaval.
Chama-se, sem mais, "Marchinha de Carnaval (Politicamente Incorreta)".
No vídeo, além de cantá-la com seu costumeiro bom humor, Dusek conta como ela surgiu.
https://www.youtube.com/watch?v=vm5NiB5BJcE
Eu sou gostosa, maliciosa
Não leve a mal
Politicamente incorreta
Sou a marchinha de carnaval
Eu sou do jeito que eu quiser
Saio de homem ou saio de mulher
Sem essa de puxar o meu tapete
Sua censura que vá pro cacete!
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