Carlos Motta
Há exatos 36 anos, no dia 19 de janeiro de 1982, o Brasil recebia, atônito a notícia de que Elis Regina havia morrido.
É difícil achar, no Brasil pós-anos 60, uma personalidade musical da altura de Elis.
Não só por ela ter sido uma excepcional cantora.
Mas também por causa de sua inteligência, sensibilidade, percepção - essas coisas que só os gênios têm.
Sem Elis, talvez não houvesse Milton Nascimento.
Ou Belchior.
Ou Renato Teixeira.
Ou tantos outros excelentes artistas.
Não haveria, também, os registros sonoros e visuais de suas performances - atuações que provam a capacidade do ser humano de superar limites, de romper barreiras, de ir além do imaginável.
Entre tantas preciosidades à disposição do público nesse imenso repositório de tesouros que é a internet, é difícil achar um que resuma o talento de Elis.
Sua interpretação de "Corsário", uma das mais belas canções da dupla João Bosco-Aldir Blanc - João Bosco, o renovador do samba, outra "descoberta" de Elis... - pode, entretanto, dar uma ideia da capacidade artística da gaúcha que, nos 36 anos em que viveu, iluminou, como uma estrela de primeiríssima grandeza, o palco glorioso da música brasileira.
Coisa linda...
Meu coração tropical está coberto de neve mas
Ferve em seu cofre gelado
E a voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roseirais nova granada de Espanha
E por você eu teu corsário preso
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova granada de Espanha
E as rosas partindo o ar
Ehhhh saudade!
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ResponderExcluir#AXÉPIMENTINHA