Carlos Motta
O guitarrista e violonista Nelson Faria não é apenas um dos mais importantes músicos brasileiros, com 12 CDs gravados, oito livros publicados, dois deles com edições nos Estados Unidos, Japão e Itália, uma videoaula e um DVD, com o grupo Nosso Trio, editados - calmamente, aos poucos, ele vem promovendo uma revolução no mercado cultural do país, com o seu programa "Um Café Lá em Casa", que tem edições semanais no YouTube, e também vai ao ar nos canais de TV por assinatura Futura e Arte1.
Nelson já levou ao seu programa, onde entrevista, toca e ouve histórias, mais de 150 músicos e cantores dos mais diversos gêneros, uma façanha que transforma o "Café" em um extraordinário arquivo artístico, ajudando, dessa forma, a preencher uma lacuna deixada pelo poder público na desoladora área cultural do Brasil.
O sucesso do programa, que desde que foi lançado, em março de 2015, já teve, na web, mais de 6 milhões de acessos - no mês passado foram cerca de 500 mil visualizações -, se deve, em grande parte, ao tom intimista criado por Nelson ao receber seus convidados, muitos deles amigos de longa data.
Nelson, sabiamente, se aproveita do fato de ter participado, como músico, arranjador e produtor em mais de 200 CDs de diversos artistas nacionais e internacionais e ter dividido palco e estúdios com craques do nível de João Bosco, Gonzalo Rubalcaba, Milton Nascimento, Toninho Horta, Tim Maia, Nico Assumpção, Gilson Peranzzetta, Paulo Moura, Wagner Tiso, Edu Lobo, Pascoal Meirelles, Antonio Adolfo, Nivaldo Ornelas, Mauro Senise e Maurício Einhorn, entre vários outros, para registrar encontros memoráveis entre ele, no pleno domínio do violão ou guitarra, e seus convidados.
A excelência desses encontros é ainda mais surpreendente quando se fica sabendo que eles são organizados por uma equipe pequena, de apenas nove pessoas, como informa Juliana Faria, produtora do programa e filha de Nelson: "A nossa estrutura é muito simples, se comparada a grandes produções. O programa é gravado literalmente 'lá em casa' e a equipe principal é a família", diz.
Juliana também conta que atualmente a produção do programa é muito procurada por novos artistas e que os elogios ao "Café" partem tanto da comunidade de artistas quanto do público em geral, o que, segundo ela, estimula a equipe a continuar divulgando música de qualidade, "para que cada vez mais gente tenha acesso a esse tipo de informação", e como diz na entrevista que deu ao "Segundo Clichê", possibilite começar a trabalhar "com novos formatos e fazer o programa crescer".
A seguir, Juliana Faria fala sobre o já essencial, para a música popular brasileira, "Um Café Lá Em Casa":
Segundo Clichê - Como surgiu a ideia de se fazer um programa sobre música brasileira na internet?
Juliana Faria - A ideia do programa surgiu em família. Eu e meu irmão Nelsinho Faria, que é o diretor do programa, já trabalhávamos com audiovisual e tivemos a ideia, junto com o nosso pai, de criar o programa "Um Café Lá Em Casa". Meu pai sempre recebeu muitos amigos em casa. Um deles é o João Bosco, com quem trabalhou durante 12 anos como arranjador e diretor musical. De vez em quando o João ligava e perguntava "Tá em casa? Posso passar aí para tomar um café?" Acontece que o "café" era apenas um pretexto para que os dois batessem um papo, tocassem um pouco e estudassem alguma nova ideia musical: uma nova composição, um novo arranjo e por aí vai. Durante um desses encontros, eles resolveram gravar um arranjo da música "Dindi", de Tom Jobim, que estavam tocando. Filmaram com a câmera do computador mesmo, de forma superdespretenciosa, e colocaram no YouTube. Foi o maior sucesso! Foi aí que pensamos em tornar essas "visitas" regulares, com os mesmos ingredientes: café, conversa e boa música. Assim nasceu "Um Café Lá Em Casa".
Segundo Clichê - Quantas pessoas estão envolvidas em sua produção?
Juliana - Hoje temos uma produtora, FUGA Films, que trabalha principalmente com música (filmagem, edição, produção). Somos 9 no total, nos dividindo entre o "Um Café Lá Em Casa", o "Fica a Dica Premium" (nosso projeto de escola de música virtual) e outros projetos da produtora.
Segundo Clichê - Quantos programas já foram gravados e levados ao ar e qual a periodicidade das gravações?
Juliana - Já são mais de 150 programas no ar. Não temos um cronograma fixo de gravação, às vezes gravamos três programas por semana, às vezes nenhum. Depende principalmente da agenda do Nelson. Mas lançamos um programa novo por semana, toda quinta-feira.
Segundo Clichê - Como é feito o contato com os convidados?
Juliana - Muitos convidados são amigos do Nelson, temos uma lista enorme de artistas para convidar! Mas muitos entram em contato por e-mail ou pelas nossas redes sociais. É muito bacana conhecer novos artistas também.
Segundo Clichê - Qual o custo dos programas?
Juliana - A nossa estrutura é muito simples, se comparada a grandes produções. O programa é gravado literalmente "lá em casa" e, como eu disse, a equipe principal é a família, ou seja, até hoje investimos muito nesse projeto. Mas temos uma campanha recorrente de crowdfunding na Benfeitoria que nos ajuda a arcar com parte dos custos de produção! O link é esse aqui: benfeitoria.com/umcafelaemcasa.
Segundo Clichê - Como se dá a captação de patrocínios e apoios?
Juliana - Ainda não contamos com patrocínio, infelizmente. Os apoios que conseguimos foram através de contato direto com as empresas, sem intermediários.
Segundo Clichê - Já era intenção levar o programa para a TV?
Juliana - Antes mesmo de lançar no YouTube, já pensávamos em levar o programa para a televisão em algum momento. Hoje, o programa está passando no canal Futura e reprisando no Arte1.
Segundo Clichê - Quais os programas que tiveram maior audiência? Qual a audiência média dos programas na internet?
Juliana - João Bosco, Yamandu Costa, Hermeto Pascoal, João Alexandre, Pipoquinha... Esses são os que tiveram uma maior audiência por enquanto. É um pouco difícil calcular uma média, porque temos muitos vídeos e cada um entra em um momento diferente. Nos último mês tivemos 500 mil visualizações em todos os vídeos do canal. Desde que criamos, já são mais de 6 milhões de views.
Segundo Clichê - Como está sendo a repercussão do programa entre a classe artística e a indústria musical?
Juliana - Temos recebido muitas críticas positivas, tanto de músicos quanto de espectadores de uma forma geral.
Segundo Clichê - Quais os planos para o programa? Quem serão os próximos participantes?
Juliana - Entre os nossos próximos convidados estão Leo Russo, Leo Gandelman, Sandra Duailibe, Marcinho Eiras... Vem coisa boa por aí! Nossa missão é continuar trazendo música de qualidade para o programa, para que cada vez mais gente tenha acesso a esse tipo de informação, além de começar a trabalhar com novos formatos e fazer o programa crescer.
Nelson Faria é um artista de primeira grandeza. Inestimável o serviço que presta ao Pais. Será que algum governante nativo já ofereceu a êle um salario de Rs61.000,00? Ehhhh!!! Brasil.
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