Performances em exposição celebram Dia da Consciência Negra


Nos dias 18 e 19, a exposição Negros Indícios, em cartaz na Caixa Cultural São Paulo  (Praça da Sé, 111, Centro, São Paulo), recebe um ciclo de performances com alguns dos artistas que integram a exposição. A entrada é gratuita.

No sábado, dia 18, a programação começa às 14 horas com o lançamento do catálogo da exposição, que será distribuído gratuitamente. Em seguida, a partir das 15 horas, acontecem três performances consecutivas: o artista Rommulo Vieira Conceição traz “O espaço se torna lugar na medida em que eu me familiarizo com ele-2015-2017”, com a participação dos músicos Cláudia Nascimento (flauta) e Marialbi Trisolio (violoncelo). Em seguida é a vez de Moisés Patrício apresentar “Pregando a palavra”. Já Ayrson Heráclito (foto) fecha a programação do dia com “Fazendo e Falando Comida de Santo”, performance na qual o consagrado artista baiano prepara, ao vivo, algumas receitas de comidas oferecidas aos deuses afrobaianos. Segundo Heráclito, “O povo de santo, como são conhecidas as pessoas adeptas aos cultos dos Orixás, Voduns e Inquices, acredita que não só́ o corpo físico deve ser alimentado, mas também o corpo espiritual. Daí a máxima da expressão “Santo também come!”.”, explica o artista.


No domingo, dia 19, a partir das 14 horas, Tiago Sant’Ana apresenta “Nas coxas #2 (da série Manufatura e Colonialidade) ”, seguido por Priscila Rezende, que fecha a programação com a performance “Laços”. 

As apresentações acontecem próximas ao dia 20 de novembro, data que no Brasil é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra.

Negros Indícios, em cartaz até 17 de dezembro na Caixa Cultural São Paulo, reúne a produção contemporânea de 12 artistas afrodescendentes de diferentes regiões do país, que têm a performance artística como uma das principais ferramentas de atuação. Com curadoria do professor de história e teoria da arte Roberto Conduru, a mostra busca lançar luz sobre artistas, temas e práticas que vêm ganhando mais ressonância no sistema de arte.

Para contrapor o esquecimento histórico, o racismo e a segregação, os artistas Antônio Obá, Ayrson Heráclito, Caetano Dias, Dalton Paula, João Manoel Feliciano, Moisés Patrício, Musa Michelle Mattiuzzi, Priscila Rezende, Renata Felinto, Rommulo Vieira Conceição, Rubiane Maia e Tiago Sant'Ana, apresentam obras que refletem a capacidade de usar as adversidades como força de criação, resistência e luta. Os trabalhos também evidenciam o amadurecimento da discussão sobre as identidades e negritudes no Brasil – marcada, nos últimos anos, pela pluralidade e pelo crescente protagonismo dos artistas afrodescendentes. A exposição propõe pensar a negritude e outras questões, no país e além dele, a partir da fruição das obras. Segundo o curador, os artistas “nos convidam a participar de uma luta que não pode ser apenas deles e delas, mas de quem almeja viver em um mundo justo, igualitário e fraternal”.

A essa tendência de crescente e intensa presença de artistas negros e negras no sistema, soma-se a ideia de que os territórios da arte estão cada vez mais fluidos, tornando as artes plásticas um espaço de convergência de expressividades das mais variadas, onde a performance assume cada vez mais protagonismo. Negros Indícios caminha nesse sentido e foi concebida a partir da apresentação de vídeos e registros de performances realizadas pelos artistas convidados. Muito além da utilização do corpo como forma de arte, o conceito de performance tem um significado muito mais amplo, podendo se desdobrar em diversas outras manifestações artísticas.

A mostra apresenta seleções de vídeos articulados por afinidades poéticas. A curadoria buscou explorar todas as modalidades de conjugação de performance, vídeo e fotografia.

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