Luiz Melodia e Torquato Neto são homenageados na Balada Literária de Salvador


Sarau, rodas de conversas, performances, feira literária e shows. A mistura desses elementos forma a Balada Literária de Salvador, que ganha sua terceira edição entre os dias 3 e 5 deste mês, sexta a domingo, no Espaço Cultural da Barroquinha e Teatro Gregório de Matos. Desdobramento da Balada Literária de São Paulo, o evento baiano mantém o mesmo espírito de descontração e livre expressão das ideias, colocando a literatura em diálogo com diferentes expressões artísticas.


Com curadoria dos escritores Marcelino Freire e Nelson Maca, o evento homenageia o poeta piauiense Torquato Neto e o cantor e compositor Luiz Melodia, que chegaram a compor juntos em suas trajetórias inquietantes. Inspirada nesses dois artistas, a programação começa com uma edição especial do Sarau Bem Black, na sexta-feira, que será embalada pelas canções de Melodia.

Apresentado por Nelson Maca, o sarau terá participações especiais da poeta paulista Luz Ribeiro (ganhadora do Slam Brasil 2016), do percussionista Jorjão Bafafé, do grafiteiro Zezé Olukemi e do grupo de rap Opanijé. Como sempre, terá microfone aberto para quem quiser declamar.

“Apesar de não ter o estereótipo do militante, Luiz Melodia, tal qual Itamar Assunção, Lady Zu, Rosa Maria e Jards Macalé, são fundamentais para se compreender, de maneira ampla, a poética e a musicalidade negra brasileira”, diz Nelson Maca. Conhecido como Negro Gato, título da composição de Getúlio Cortes que interpretou com maestria, Luiz Melodia deixou inúmeros sucessos musicais desde sua estreia no disco Pérola Negra, que contém canções como "Vale Quanto Pesa", "Magrelinha" e "Farrapo Humano".

No sábado, a programação vai falar da vida e obra de Torquato Neto - o Anjo Torto que passou como um furacão pela música popular brasileira -, o contexto cultural em que ele surgiu e desdobramento de seu trabalho. 

Serão três mesas: a primeira, às 14 horas, traz os escritores Marcelino Freire e Jorge Ialanji Filholini (contista indicado ao Prêmio Jabuti 2017), conversando com os piauienses Wellington Soares (escritor e editor da Revista Revestrés) e Paulo José Cunha, que é primo de Torquato; na segunda rodada (15h30), a jornalista Laura Bezerra dialoga com o escritor baiano Orlando Pinho, personagem atuante da contracultura baiana, e com os músicos Edbrass Brasil e Lia Lordelo, do projeto Torquatália; na sequência, a jornalista Tatiana Lima bate-papo com o músico Tuzé de Abreu, figura que viveu o Tropicalismo.

O dia termina com apresentação do show Torquatália, às 19 horas, no teatro Gregório de Mattos, que traz a cantora Lia Lordelo acompanhada por Heitor Dantas, Uru Pereira, Antenor Cardoso e Edbrass Brasil, que assina a direção artística. No repertório estão parcerias de Torquato Neto com Gilberto Gil, Edu Lobo, Caetano Veloso, Jards Macalé e Carlos Pinto. A abertura fica por conta do poeta Nelson Maca num duo com DjGug. 

Considerada uma das vozes mais importantes da Tropicália e da contracultura brasileira, Torquato Neto destacou-se em composições como "Geleia Geral" e "Let's Play That", que fez, respectivamente, em parcerias com Gilberto Gil e Jards Macalé. Torquato assinou a coluna Geleia Geral no "Jornal do Brasil", bastante atenta ao “desbunde” da época.

No último dia, a programação da Balada tem como destaques a literatura negra e as novas formas de declamação e conta com participação da cantora paulista Fabiana Cozza. É ela quem abre as rodadas de bate-papo, às 14 horas, conversando com o ator e diretor teatral Elias Adreato, que tem dirigido seus últimos espetáculos; às 15 horas, a professora Milena Brito fala da força da atual literatura negra baiana com os escritores Lívia Natália, Fábio Mandingo e Landê Onawalê; e às 16h30, será realizada uma edição "pocket" do Slam Lonan, disputa poética na qual os participantes têm tempo delimitado e são avaliados, na hora, pela plateia. Os convidados são os baianos Fabiana Lima, Evanilson Alves e Rilton Júnior e a paulista Luz Ribeiro.

Fechando a terceira edição da Balada Literária Baiana com muita música e poesia, Fabiana Cozza se apresenta no Teatro Gregório de Mattos, com uma versão especial do show “Partir”. Em canções marcantes em seu repertório, ela estará acompanha do violonista baiano Léo Mendes e contará com a participação especial do cantor e compositor Roberto Mendes. Quem abre a noite é o escritor Marcelino Freire, que diz da alegria de ter mais uma vez a Balada em Salvador: “Foi a primeira cidade que abraçou essa ideia de estender o espírito da Balada em outros quatro cantos. Acabamos, inclusive, de fazer uma versão na terra natal de Torquato Neto. Agora desembocamos mais uma vez na Bahia, onde Torquato viveu e de onde vieram parceiros fundamentais para a sua carreira, como Gilberto Gil, Capinam e Caetano Veloso.”

A Balada Literária de Salvador é uma relação do Coletivo Blackitude: Vozes Negras da Bahia e da Balada Literária de São Paulo. Este ano, além da capital paulista, onde será realizada de 8 a 12 de novembro, o evento contou com uma edição em Teresina, Piauí, nos dias 20 e 21 de outubro. Para essa expansão nacional foi fundamental a parceria estabelecida com o governo do Piauí, por meio da Secretaria Estadual de Cultura. Na Bahia, o evento conta com apoio da Fundação Gregório da Matos.

Durante o evento, será realizada uma feira literária e de outros produtos culturais, no sábado e domingo, durante o horário do evento, das 14 às 20h30.

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