Marcelo P. F. Manzano
O problema é que muito mais do que a etérea confiança, o que o empresário privado precisa mesmo é de alguma segurança quanto à demanda futura pelo bem que ele pretende produzir. E como o cenário atual é de estagnação no fundo do poço, ou o governo faz um primeiro movimento ampliando com vontade o gasto público e assim gerando demanda ou ninguém – com exceção daqueles poucos que vendem para o mercado externo – irá comprometer os seus tostões com novos investimentos produtivos.
Por isso, em vez de o governo vir mais uma vez declarar que a queda das receitas tributárias exigirá aceitar um déficit fiscal maior (de R$ 139 bilhões agora já se fala em R$ 159 bilhões), enquanto promete cortar ainda mais os gastos em investimentos púbicos, seria muito mais efetivo se anunciasse até mesmo um déficit fiscal maior, mas que estivesse associado à expansão dos gastos em infraestrutura, os quais se desdobrariam em demanda para o setor privado, dando algum combustível à economia.
Só que não! Agarrados à ideologia mercadista – e com os bolsos abarrotados de títulos financeiros! – os membros da equipe econômica de Temer insistem constrangedoramente no mesmo erro: cortam gastos públicos, empurram a economia para baixo, assistem à queda da arrecadação e reveem a já revista meta de déficit fiscal – o que, no limite, só faz piorar a tal confiança que eles tanto dizem cultivar. Fala sério, o interesse deles deve ser outro… (Fundação Perseu Abramo)
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