Tempos sombrios, estes, que não perdoam nem os poetas.
A última vítima das trevas que cobrem o Brasil é um dos cantores/compositores mais criativos da música popular brasileira, Luiz Melodia, que morreu nesta madrugada, aos 66 anos, deixando uma obra sólida, eterna.
Melodia (Luiz Carlos do Santos), nascido e criado no morro de São Carlos, no Rio, poderia ter sido um sambista dos bons, mas quis mais, e soube transformar todas as influências culturais que recebeu em composições de difícil classificação: como todo grande artista, sua música vai além de rótulos, é única.
Suas obras mais conhecidas são "Pérola Negra", "Juventude Transviada", "Fadas", "Estácio Holly Estácio" e "Ébano".
"Pérola Negra", na voz de Gal Costa, gravada em 1972, foi o primeiro sucesso.
É linda:
Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou te amando
Baby, te amo, nem sei se te amo
Tente usar a roupa que eu estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola Negra, te amo, te amo
Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, te amo
Tente entender tudo mais sobre o sexo
Peça meu livro querendo eu te empresto
Se inteire da coisa sem haver engano
Baby, te amo, nem sei se te amo
Baby, te amo, nem sei se te amo
Baby, te amo, nem sei se te amo
Poeta genial. Definitivamente espetacular. Morreu de tanto amar. Os céus agora cantam com Luiz Melodia.
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