As pesquisas eleitorais mostram que uma parcela da sociedade brasileira gostaria que o deputado fascista fosse o presidente da República.
Se ele vai ganhar são outros quinhentos.
Mas o fato é que existe um monte de concidadãos que adoram o sujeito e tudo o que ele representa, e muitos dizem abertamente que, ou têm saudade dos tempos da ditadura, ou que os militares é que vão dar jeito no país.
Eu tenho um palpite sobre o por quê dessa gente pensar assim.
Acho que o brasileiro é desligado dessas coisas de política.
É muito complicado para ele esse negócio de governar a cidade, o Estado, o país, de se fazer leis, decretos, medidas provisórias e que tais.
O brasileiro quer mesmo é ter um emprego, ou alguma coisa qualquer, para poder viver a sua vidinha, que inclui "luxos" como comprar um carro ou produtos da moda, viajar nas férias, ir ao shopping center, assistir à Globo, frequentar o culto ou rezar na missa, pedindo a deus para tudo melhorar e para aliviar a consciência dos "pecados" que cometeu na semana.
Se puder ter uma casa própria, melhor; se não, que more de aluguel.
Em resumo: acredito que o brasileiro médio está pouco se lixando se o prefeito, o governador ou o presidente seja de esquerda, de direita, seja corintiano ou palmeirense, gordo ou magro, desde que haja dinheiro suficiente no fim do mês.
Vivi toda a juventude, na então provinciana Jundiaí, a 60 km da capital paulista, durante a ditadura militar.
E não conheci, com exceção de alguns poucos, gente que se opunha àquele regime.
Nas festas de aniversário de algum familiar, todos pareciam felizes e que aquele era o melhor dos mundos.
Teve até um contraparente que discutia política com meu pai, o saudoso capitão Accioly, e se dizia contra a "revolução", mas que depois se filiou à Arena, o partido que apoiava a ditadura, e chegou mesmo a ser eleito prefeito da cidade.
No Jornal de Jundiaí, o JJ, quando chegava o fim de março, vinha a ordem do patrão para escrevermos mensagens publicitárias e matérias saudando o 31 de março - o departamento comercial faturava um bocado com o suplemento especial dedicado à grande data.
Lembro que certa tarde, ao entrar na redação, vi um dos nossos mais prolíficos redatores/repórteres dormindo em sua mesa, cabeça derrubada sobre a máquina de escrever. Acordou quando a sala também acordava, sob o impacto da chegada do pessoal. Olhou-nos, deu um bocejo, passou a mão no rosto e disse, simplesmente:
- Nossa, trabalhei tanto essa madrugada que senti a barba crescer.
Não dá também para esquecer os disputados cursos promovidos pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, a notória Adesg, pelos quais os civis proeminentes da comunidade se engajavam, de corpo e alma, à filosofia das Forças Armadas, contra o comunismo ateu e a favor da propriedade, da família e da pátria.
Lula foi "o cara" enquanto a economia estava bombando.
Até a Dilma foi reeleita.
Mas quando os tempos de prosperidade foram ficando no passado, eles viraram as "Genis" e as mesmas pessoas que rasgavam elogios aos dois passaram a xingá-los por todos os problemas do mundo.
Os endinheirados e aqueles que se julgam como tal, ou seja, a classe média burra e ignorante, apenas toleraram os trabalhistas no poder enquanto eles lhes foram úteis e ampliaram seus privilégios.
Foi só a caldo começar a entornar que o ódio de classes explodiu com toda a sua violência e o país chegou a essa situação de hoje, com uma quadrilha na Presidência da República, detonando todas as conquistas sociais, vendendo tudo para o capital internacional, e promovendo uma caçada a qualquer um que tenha inclinações progressistas.
Por essas e outras não tenho dúvida de que, se um direitoso qualquer for eleito em 2018, tudo ficará em paz se ele conseguir dar umas migalhas para o povão.
Aí a Globo vai dizer que no Brasil está tudo uma maravilha - e todos vão acreditar e a felicidade se espalhará pelos ares. (Carlos Motta)
Se ele vai ganhar são outros quinhentos.
Mas o fato é que existe um monte de concidadãos que adoram o sujeito e tudo o que ele representa, e muitos dizem abertamente que, ou têm saudade dos tempos da ditadura, ou que os militares é que vão dar jeito no país.
Eu tenho um palpite sobre o por quê dessa gente pensar assim.
Acho que o brasileiro é desligado dessas coisas de política.
É muito complicado para ele esse negócio de governar a cidade, o Estado, o país, de se fazer leis, decretos, medidas provisórias e que tais.
O brasileiro quer mesmo é ter um emprego, ou alguma coisa qualquer, para poder viver a sua vidinha, que inclui "luxos" como comprar um carro ou produtos da moda, viajar nas férias, ir ao shopping center, assistir à Globo, frequentar o culto ou rezar na missa, pedindo a deus para tudo melhorar e para aliviar a consciência dos "pecados" que cometeu na semana.
Se puder ter uma casa própria, melhor; se não, que more de aluguel.
Em resumo: acredito que o brasileiro médio está pouco se lixando se o prefeito, o governador ou o presidente seja de esquerda, de direita, seja corintiano ou palmeirense, gordo ou magro, desde que haja dinheiro suficiente no fim do mês.
Vivi toda a juventude, na então provinciana Jundiaí, a 60 km da capital paulista, durante a ditadura militar.
E não conheci, com exceção de alguns poucos, gente que se opunha àquele regime.
Nas festas de aniversário de algum familiar, todos pareciam felizes e que aquele era o melhor dos mundos.
Teve até um contraparente que discutia política com meu pai, o saudoso capitão Accioly, e se dizia contra a "revolução", mas que depois se filiou à Arena, o partido que apoiava a ditadura, e chegou mesmo a ser eleito prefeito da cidade.
No Jornal de Jundiaí, o JJ, quando chegava o fim de março, vinha a ordem do patrão para escrevermos mensagens publicitárias e matérias saudando o 31 de março - o departamento comercial faturava um bocado com o suplemento especial dedicado à grande data.
Lembro que certa tarde, ao entrar na redação, vi um dos nossos mais prolíficos redatores/repórteres dormindo em sua mesa, cabeça derrubada sobre a máquina de escrever. Acordou quando a sala também acordava, sob o impacto da chegada do pessoal. Olhou-nos, deu um bocejo, passou a mão no rosto e disse, simplesmente:
- Nossa, trabalhei tanto essa madrugada que senti a barba crescer.
Não dá também para esquecer os disputados cursos promovidos pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, a notória Adesg, pelos quais os civis proeminentes da comunidade se engajavam, de corpo e alma, à filosofia das Forças Armadas, contra o comunismo ateu e a favor da propriedade, da família e da pátria.
Lula foi "o cara" enquanto a economia estava bombando.
Até a Dilma foi reeleita.
Mas quando os tempos de prosperidade foram ficando no passado, eles viraram as "Genis" e as mesmas pessoas que rasgavam elogios aos dois passaram a xingá-los por todos os problemas do mundo.
Os endinheirados e aqueles que se julgam como tal, ou seja, a classe média burra e ignorante, apenas toleraram os trabalhistas no poder enquanto eles lhes foram úteis e ampliaram seus privilégios.
Foi só a caldo começar a entornar que o ódio de classes explodiu com toda a sua violência e o país chegou a essa situação de hoje, com uma quadrilha na Presidência da República, detonando todas as conquistas sociais, vendendo tudo para o capital internacional, e promovendo uma caçada a qualquer um que tenha inclinações progressistas.
Por essas e outras não tenho dúvida de que, se um direitoso qualquer for eleito em 2018, tudo ficará em paz se ele conseguir dar umas migalhas para o povão.
Aí a Globo vai dizer que no Brasil está tudo uma maravilha - e todos vão acreditar e a felicidade se espalhará pelos ares. (Carlos Motta)
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