O tico-tico está comendo todo o fubá há 100 anos.
Isso mesmo.
Uma das músicas brasileiras mais conhecidas em todo o mundo, na verdade, um clássico universal, o choro "Tico-Tico no Fubá", de Zequinha de Abreu, foi apresentado pela primeira vez em 1917, num baile na cidade natal de seu autor, Santa Rita do Passa Quatro, no Interior paulista, com o nome de "Tico-Tico no Farelo".
Demorou 14 anos para o pequeno pássaro decolar - a primeira gravação do choro é de 1931, pela Orquestra Colbaz, já com o nome que o consagrou, modificado porque existia um outro tico-tico, de autoria do violonista Canhoto (Américo Jacomino, autor de "Abismo de Rosas"), fazendo a farra no farelo.
Depois, ele voou alto e para bem longe.
O "Tico-Tico" atingiu o auge de seu sucesso na década de 40 do século passado - fez parte de seis filmes de Hollywood naquela época.
As gravações de Carmen Miranda (1945) e a de Ademilde Fonseca (1942), a Rainha do Chorinho, têm letras diferentes: a de Carmen é de autoria de Aloysio de Oliveira, o líder do Bando da Lua, e a de Ademilde, de Eurico Barreiro.
Em 1941, a organista americana Ethel Smith lançou o "Tico-Tico" para o mundo.
E o passarinho percorreu todo o planeta: entre muitos outros, o chorinho foi gravado por Dalida, Michel Legrand, Mantovani, Roberto Inglez, Ray Conniff, Perez Prado, Orquestra Tabajara, Henry Mancini, Stan Kenton, Charlie Parker, Tommy Dorsey, Paco de Lucia, Desi Arnaz, Les Brown, David Grisman, Waldir Azevedo, Garoto, Daniel Barenboim, Moreira Lima, Jacques Klein, Liberace, Lou Bega, Oscar Alemán, Paquito D'Rivera, Raphael Rabello, Armandinho, Paulo Moura, Pixinguinha, Ray Ventura, João Bosco, Benedito Lacerda, Orquestra Filarmônica de Berlim, Percy Faith, Marc-André Hamelin, Edmundo Ros, Klaus Wunderlich, Xavier Cugat, Edson Lopes, Ney Matogrosso e Roberta Sá.
O autor desse clássico, Zequinha de Abreu (José Gomes de Abreu - Santa Rita do Passa Quatro, 19 de setembro de 1880 — São Paulo, 22 de janeiro de 1935), teve a sua vida contada - e romanceada - no filme "Tico-Tico no Fubá", dirigido pelo italiano Adolfo Celi, com Anselmo Duarte, Tônia Carrero, Marisa Prado e Ziembinski no elenco, lançado em 1952.
Zequinha compôs inúmeros outros choros e diversas valsas que se incorporaram ao riquíssimo acervo da música popular brasileira, como "Os Pintinhos no Terreiro", "Branca", e "Tardes em Lindoia".
Mas nenhuma música se igualou, nem de longe, ao sucesso do travesso e comilão passarinho.
No vídeo, o Trio Boa Maré homenageia esse clássico centenário, com a letra de Eurico Barreiro:
Um tico-tico só
O tico-tico lá
Está comendo
Todo, todo, meu fubá
Olha, seu Nicolau
Que o fubá se vai
Pego no meu pica-pau
E um tiro sai
Então eu tenho pena
Do susto que levou
E uma cuia
Cheia de fubá eu dou
E alegre já voando e piando
Meu fubá, meu fubá
Saltando de lá para cá
Houve um dia porém
Que ele não voltou
O seu gostoso fubá
O vento levou
Triste fiquei quase chorei
Mas então vi
Logo depois não era um
E sim já dois
Quero contar baixinho
A vida dos dois
Tiveram ninhos
E filhinhos depois
Todos agora pulam ali
Saltam aqui
Comendo todo o meu fubá
Saltando de lá para cá
Putz. É verdade! Esse rame rame é antigo:"correu pra lá. Pega! Pega!
ResponderExcluirEnquanto isso vão comendo todo nosso fubá. Que cambada de barnabés filhos da puta. O passarinho não. Come fuba só pra cantar.