Marcelo P. F. Manzano
As cem cabeças do mercado que compõem o Boletim Focus, por exemplo, que até aqui pareciam insensíveis ao terremoto causado pelas delações da JBS, reduziram suas projeções de crescimento do PIB em 2017 de 0,5% para 0,41% em apenas uma semana, aparentemente atormentadas pela ideia de um presidente moribundo que parece disposto a se manter no poder a qualquer custo e assim evitar sua própria prisão.
O trágico desta história é que a mesma “fadinha da confiança” que há um ano atrás foi reivindicada para selar a relação de Temer com o mercado – e atropelar a democracia com um golpe contra a presidenta Dilma Rousseff -, volta agora à boca do mercado contra o Temer, sugerindo que um novo golpe (as eleições indiretas) seria o melhor atalho para se alcançar à pretérita ponte para o futuro.
Seja porque não terá como cumprir seus principais objetivos econômicos, seja porque não tem mais forças para impor à sociedade brasileira a agenda de “reformas” impopulares que prometeu entregar aos apoiadores do golpe, Temer é visto agora por seus ex-aliados no mundo das finanças como o mais novo inimigo da fadinha, um fator de instabilidade que encurta o horizonte e impede a mitológica recuperação da confiança.
Contudo, não seria melhor encarar o fato de que esta política econômica ortodoxa (fundada em juros altos, corte de despesas públicas e desmonte dos aparatos de Estado que davam suporte ao desenvolvimento do país) é um absoluto fracasso, incapaz de reativar os motores do crescimento econômico?
Não pareceria óbvio também que a propalada restauração da confiança deveria começar com a eleição de um governo legítimo, eleito diretamente, cuja plataforma política tivesse o respaldo das urnas e o apoio da maioria dos brasileiros?
Infelizmente, a essas perguntas os reais donos do poder no Brasil continuam respondendo com um solene “não”. Ao que tudo indica, cuspirão o Temer, mas não dão nenhum sinal de que se incomodam em continuar dissolvendo o país.
É verdade. Estão só esperando o boi de piranha entrar na água, pra boiada atravessar o rio, e continuar sua caminhada rumo ao brejo. Ah!! Sob o comando do peão boiadeiro, Boinando Henrique Cardoso.
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