Anos atrás os Correios eram considerados uma empresa de excelência. Hoje, a estatal é um modelo de ineficiência: cobra tarifas altíssimas, mas presta serviços péssimos. Os boatos sobre o seu futuro são inúmeros, mas o que se sabe ao certo é que a empresa vive uma crise seríssima, por causa de vários fatores. Nesta semana, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, apresentou, em debate na Câmara dos Deputados, um panorama das dificuldades econômicas da empresa e elencou propostas para tentar resolver os problemas encontrados.
Segundo ele, os Correios, com 117 mil funcionários, apresentaram déficits desde 2010. A empresa teve um prejuízo de R$ 4 bilhões nos últimos dois anos, está fechando agências e pretende cortar benefícios dos funcionários.
A crise financeira dos Correios foi tema de audiência pública da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara. A reunião foi acompanhada por um grande número de funcionários dos Correios e teve a presença de sindicalistas, que ameaçaram com uma greve geral, caso não sejam adotadas soluções para a crise.
Campos atribuiu parte do problema da empresa à tendência mundial de diminuição no número de entregas de correspondências. Essa queda é atribuída à internet.
A entrega de correspondências é justamente o setor em que os Correios detêm o monopólio no Brasil. Já na outra parte do serviço, que é a entrega de encomendas, os Correios têm concorrência de empresas privadas.
Campos elencou outros fatores que explicam os sucessivos déficits da empresa, entre os quais a retirada de quase R$ 6 bilhões do caixa pelo governo federal, entre 2007 e 2013, a título de antecipação de dividendos.
"A retirada desse caixa comprometeu demais os investimentos e as possibilidades de transformações e mudanças necessárias na empresa. Tivemos dois anos com números muito comprometedores: 2015, com prejuízo de R$ 2,1 bilhões, e 2016, com prejuízo da ordem de R$ 2 bilhões", disse.
Além disso, segundo Campos, quase 70% da arrecadação dos Correios é destinado ao pagamento da folha salarial dos funcionários.
Entre as medidas elencadas por Campos para resolver esse problema está a suspensão das férias por um ano, um plano de desligamento voluntário e o corte de gratificações de chefia.
Mas o que mais causou revolta entre os funcionários foi o anúncio de corte do desembolso com o plano de saúde, que representou R$ 1,6 bilhão do prejuízo de R$ 2,1 bilhões que os Correios tiveram no ano passado.
O sistema funciona da seguinte maneira: os Correios entram com 93% do custo, e os funcionários com 7%. O plano atende toda a família dos servidores, inclusive aposentados, pais e mães.
Campos classificou o modelo do plano de saúde como insustentável e está tentando negociar o corte na Justiça do Trabalho. “É o único plano de saúde que eu conheço que tem essa dimensão. Foi construído ao longo do tempo, em um cenário em que a situação dos Correios conseguiam pagar. Hoje, com a queda do monopólio e a concorrência no serviço de encomenda, a empresa não consegue mais”, disse.
Em relação ao plano de saúde, a proposta dos Correios é financiar apenas as despesas dos funcionários e não de seus dependentes. Como contrapartida, a empresa oferece destinar 15% dos lucros para ajudar a abater o custeio do plano de saúde do trabalhador.
Campos disse ainda que não é intenção do governo privatizar a empresa, mas deixou claro que é preciso mudar a forma de atuação para dar prioridade ao setor de logística, que tem muito mercado hoje. Segundo ele, essa mudança deveria ter sido feita dez anos atrás.
O deputado Angelim (PT-AC), autor do pedido de audiência pública, anunciou que vai protocolar um pedido de criação de uma comissão especial para tratar da crise dos Correios. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)
Assim caminha o Brasil pela "ponte para o fundo do brejo". Esses golpistas dariam uma boa série dos "Trapalhões".
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