Banco Central: fazendo tudo para que não se faça nada


Em uma sexta-feira (31 de março!) carregada de más notícias – indicador do PIB caindo 3,99%, deficit primário recorde para um mês de fevereiro, desemprego alcançando 13,2% da força de trabalho –  passou quase despercebido da imprensa brasileira – honrosa exceção à Carta Capital – que o Banco Central decretou o fim da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que era utilizada nos empréstimos do BNDES ao setor produtivo. 

Sob a alegação de que, para manter a TJLP em patamares inferiores à estratosférica taxa Selic gerava-se um custo fiscal indesejável e uma distorção na política monetária (ora, mas o problema não seria então a altura da Selic?) preferiram cortar a única fonte de financiamento efetivo que se conhece no Brasil para o investimento de longo prazo.


Como, junto a essa medida, o mesmo Banco Central nos informa no seu Relatório de Estabilidade Financeira que as instituições financeiras privadas têm preferido se refugiar na liquidez dos títulos do Tesouro (grande novidade!) a emprestar dinheiro para quem quer produzir, descobrimos que, em um movimento de pinça bastante sinistro, a laboriosa oficina do dr. Ilan lança o futuro da produção e do emprego à sorte dos cálculos de curto prazo de um sistema financeiro privado que não gosta de tomar chuva nem se expor ao vento.

A depender dessa trupe, à sociedade brasileira restaram duas alternativas: aguentar a crise até que o “espírito santo” nos salve ou eleger outro governo que reconstrua as bases da estrutura de financiamento para o setor produtivo nacional. (Marcelo P. F. Manzano, economista/Fundação Perseu Abramo)

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