Consumidor pessimista, empresário iludido

As consequências do golpe na população vão se revelando aos poucos: o Índice de Confiança do Consumidor, medido pela Fundação Getulio Vargas, caiu 5,8 pontos em dezembro e atingiu 73,3 pontos, em uma escala de zero a 200, o menor nível do indicador desde junho deste ano.

A satisfação dos consumidores com a situação presente, medida pelo Índice da Situação Atual, recuou 3,8 pontos e atingiu 64,1 pontos, o mais baixo já registrado pela FGV. Já o Índice de Expectativas, que mede a confiança em relação ao futuro, recuou 6,9 pontos e chegou a 80,8 pontos.

O componente que mais contribuiu para a queda do Índice de Confiança do Consumidor em dezembro deste ano é o que mede o otimismo em relação à situação financeira das famílias no futuro, com queda de 7,7 pontos.

Se o consumidor está pessimista, os empresários, que fizeram de tudo para que o golpe se efetivasse, tentam demonstrar confiança no futuro - afinal, não têm muito o que fazer agora, a não ser, no caso dos religiosos, rezar bastante por um milagre.


Uma pesquisa feita por uma tal de Omiexperience sobre as perspectivas para 2017 com pequenas e médias empresas é exemplo disso.

Segundo seu resultado, 2017 será, como diz o texto do release sobre o levantamento, "um ano de retomada da confiança perdida, cheio de cautela, porém crente no potencial de equilíbrio".

Ele segue em tom de fábula - em alguns trechos, com as cores de um ufanismo desbragado.

Como se diz, o papel aceita tudo: 

"Após um 2016 de crise era de se esperar que o otimismo estivesse em baixa, porém a parcela de empresas que acreditam que o ano novo será excelente ou bom chega a 53%, contra 10% que acreditam que o ano será ruim. Sendo essa uma crise, principalmente, de confiança, é de se esperar que esses números reflitam uma postura que incentiva o crescimento.

"A pesquisa aponta que não haverá crescimento já para o próximo ano, apenas fim da queda e retomada de posturas que permitiram investimentos futuros. Esse resultado dialoga diretamente com os dados passados pelo Ministério da Fazenda que preveem um PIB crescente de 1%. Bem diferente dos 3,4% que ele encolheu em 2016.

"De acordo com o a consultoria Deloitte a parcela de empresas que registraram queda em 2016 foi de 26%, em 2017 esse número será de apenas 6%. Os principais desafios apontados pelos empresários ouvidos pela Omie serão a busca de como reduzir custos (59%), manter a organização interna (43%) e conquistar novos clientes (72%). Apesar do foco nas vendas, para onde a maior parte dos esforços será direcionada, há uma crescente preocupação com a melhoria dos serviços e processos empresariais.

"O planejamento engloba investimentos em infraestrutura interna e equipe, atingindo cerca de 40% cada nas intenções entre entrevistados. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda também informou que o governo baixou de 4,8% para 4,7% a sua estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial. Outro fator que mostra que aos poucos estamos voltando aos trilhos.

"É importante manter os ânimos. Em crises de confiança, a retomada vem através do esforço coletivo em movimentar a economia. Com uma postura positiva é possível regenerar o país e as empresas. Tratar os negócios de forma otimista, incentivando o movimento do capital, permite preparar o terreno para um 2018 mais próspero."

Comentários

  1. "um ano de retomada da confiança perdida, cheio de cautela, porém crente no potencial de equilíbrio".
    Traduzindo:"SOCORRO.Alguém me ajuda aí".

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