As fotos mostram hoje um José Serra alquebrado.
Nem por isso deve-se subestimá-lo: o homem é especialista em conchavos e conspiratas.
Pode estar abatido, mas não morto.
Afinal, em sua longeva carreira política, ele sempre preferiu agir nas sombras.
A claridade tem o poder de ressaltar seus inúmeros defeitos.
Um deles é a grosseria no trato com as pessoas.
Suas gafes são inúmeras e imensas.
Quando estava no auge da campanha pela presidência, em 2002, apareceu para almoçar no Estadão – aqueles almoços em que os pratos esfriam enquanto os ouvidos esquentam.
Depois do cafezinho, rumou para a imensa redação, ciceroneado por vários chefes, assistentes e aspirantes a tanto.
Não chegou a cumprimentar todos os que lá se encontravam, mas pelo relato de algumas testemunhas, seu estilo peculiar causou profunda impressão em alguns – e um choque em outros.
Entre eles, o editor de Economia.
– Gosto muito do seu caderno – disse Serra a ele, para em seguida completar:
– Depois da Gazeta Mercantil é o que mais leio.
Outra vítima de sua franqueza foi uma experiente repórter de política:
– Nossa, como você engordou! – constatou.
O auge daquela didática tarde foi quando viu uma velha conhecida, dona de uma coluna de amenidades:
– Puxa, você está menos corcunda! – elogiou.
Foi um dia em que a auto-estima da redação chegou a níveis baixíssimos. (Carlos Motta)
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