Um jeito bem fácil de saber a quantas anda a economia de um país é simplesmente observar o movimento de veículos, de passageiros e de cargas, nas estradas.
Tráfego intenso, atividade econômica alta; pouco tráfego, atividade baixa.
A Associação Brasileira de Concessionários de Rodovias (ABCR), que reúne as simpáticas empresas responsáveis pela cobrança dos acessíveis, baratos e tão necessários pedágios nas estradas brasileiras, produz um índice mensal sobre o fluxo de veículos nas rodovias.
E os números são absolutamente desanimadores para aqueles que supunham que bastaria a tomada do poder pelos golpistas para que o Brasil se transformasse num paraíso onde leite e mel brotam da terra.
Em agosto, segundo o levantamento, houve queda de 2,8% no movimento, na comparação com julho, considerando dados livres dos efeitos sazonais. No mês, o fluxo de veículos leves recuou 2,3% e o de pesados 2,5%, nessa mesma base de comparação.
“Em agosto, o fluxo reverteu mais que integralmente a elevação do mês anterior (2,1%). O desempenho negativo foi influenciado tanto pelo fluxo de veículos pesados como de leves, visto que ambos apresentaram retração em magnitude”, afirma Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, que produz o índice junto com a ABCR. “O menor dinamismo dos veículos leves converge com o processo de ajuste do mercado de trabalho, com destaque para a contração do contingente de pessoas ocupadas e para a trajetória de retração dos rendimentos”, diz ele, para em seguida se contradizer, na tentativa de elevar o moral da tropa nestes tempos de Brasil Novo: “No fluxo de pesados, apesar do segundo resultado consecutivo de retração, a expectativa é que o ritmo de queda não seja intensificado nos próximos meses. A tendência é de melhora incipiente manifestada por parte dos principais indicadores industriais.”
Em relação ao mesmo período de 2015, o índice total caiu 5,3%. Nessa mesma base de comparação, o fluxo de veículos leves e pesados apresentou queda de 5,0% e 6,0%, respectivamente. Nos últimos 12 meses, o movimento de veículos nas rodovias concedidas registrou retração de 3,3%. Considerando essa mesma base de comparação, o fluxo de veículos leves e pesados apresentou queda de 2,4% e de 6,0%, respectivamente.
No acumulado do ano (jan-ago de 2016 sobre jan-ago de 2015), o fluxo total de veículos apresentou queda de 3,3%. O movimento de leves recuou 2,6%, enquanto o fluxo de pesados apresentou recuo de maior magnitude, 5,5%.
“O resultado reforça a dinâmica predominantemente negativa do fluxo de veículos leves, como se observa pela retração acumulada. A queda dos rendimentos reais associada ao elevado patamar de endividamento das famílias manifestam, em alguma medida, o ambiente de enfraquecimento da demanda doméstica", diz o economista da Tendências.
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