Os símbolos, em nosso atual estágio social, se sobrepõem aos fatos.
Vivemos a mentira, somos manipulados dia e noite pelos meios de comunicação de massa, por nossos colegas de trabalho, vizinhos, comerciantes, religiosos.
Nosso mundo é ilusório, somos programados para acreditar que se nos esforçarmos, se formos disciplinados e obedientes, em nosso ofício e em nossa vida pessoal, seremos recompensados, vamos nos destacar, vamos encontrar a felicidade.
Nos ensinam que este é o melhor dos mundos, que as desgraças que possam nos abater são para o nosso bem, que temos todas as oportunidades possíveis para nos levantarmos e enfrentarmos as adversidades - se jogarmos com as regras que nos impõem.
Recebemos instruções sobre quem deve ser nossos amigos, e a eles tudo perdoamos, tudo oferecemos, e quem devemos rejeitar, odiar, responsabilizar pelos nossos fracassos.
Os símbolos, sem os quais somos como crianças indefesas, estão em todo lugar: no café da manhã, à saída para o trabalho, no trânsito desumano e caótico, nas refeições, no lazer, no sono.
E nos sonhos.
E nos sonhos, quando deveríamos galgar as imensidões inescrutáveis da liberdade, repetimos, de forma grotesca, as imagens que povoam a nossa triste realidade.
E acabamos, tristemente, sonhando os símbolos que marcam a nossa vida e nos afastam de tudo o que nos faria ser, verdadeiramente, humanos. (Carlos Motta)
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