Na quinta-feira, 23/6, a Polícia Federal invadiu a sede do Diretório Nacional do PT. A ação começou às seis horas da manhã, quando aproximadamente dez agentes do Grupo de Pronta Intervenção, armados com fuzis e vestidos com roupas camufladas, abriram as portas da sede do partido usando um pé de cabra. O objetivo era apurar o pagamento de propina referente a prestação de serviços de informática no valor de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015. A operação, chamada Custo Brasil, durou cerca de oito horas e, durante a operação, foram apreendidos computador, documentos e material de arquivo.
Como parte da mesma operação, em Brasília, a Polícia Federal invadiu a residência oficial da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), sem a devida autorização do Supremo Tribunal Federal, e levou seu marido, o ex-ministro de comunicações, Paulo Bernardo, em prisão preventiva.
O presidente do PT, Rui Falcão, estava em Brasília e publicou, na mesma data, uma nota repudiando a busca e apreensão realizadas na sede do partido. Afirmou tratar-se de uma nova tentativa de criminalizar o PT e avaliou a medida como “desnecessária e midiática”. Independente das buscas da operação Custo Brasil, não há razão para um cenário de guerra, exceto a intenção de desmoralizar o PT e constranger o Senado onde, cresce o número de parlamentares que discordam do afastamento da presidenta legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos.
A ação ocorreu no momento em que, para além das delações seletivas contra o PT, a Operação Lava Jato tem apurado fatos gravíssimos de corrupção de membros do governo golpista, o que tem levado sua equipe a desmoronar; um dia após a divulgação de um vídeo de 2009 em que o senador tucano Sergio Guerra (morto em 2014) pedia propina para abafar a CPI da Petrobras e logo depois da estranha morte de um operador de doações para a campanha presidencial de Eduardo Campos, do PSB, em um acidente ainda não explicado. Isso evidencia que a corrupção é algo intrínseco ao sistema político em sua relação com as empresas.
É a primeira vez que uma ação da Polícia Federal no âmbito da Custo Brasil tem como foco uma instituição - um partido político - e não pessoas. Trata-se de uma perseguição seletiva que tenta violar a liberdade de organização partidária, algo que não ocorre no Brasil desde a redemocratização, em 1985. A última vez que um partido foi atacado dessa forma foi em 1947, quando o Partido Comunista, acusado de vinculações internacionais com URSS e de estatuto antidemocrático, foi extinto.
O argumento do combate à corrupção atualmente serve como amparo para seletivamente combater um partido político, quando essa luta deveria servir para o fortalecimento da democracia e das instituições. A invasão da sede do PT desvia o foco das atenções da mídia e da opinião pública sobre o governo golpista, que se instituiu inclusive para tentar paralisar as investigações da Lava Jato. O golpe que está em curso, mais do que afastar a presidente Dilma, legitimamente eleita, pretende também colocar o PT na ilegalidade e impedir que o ex-presidente Lula volte a candidatar-se e dê continuidade ao projeto de país que vinha colocando o Brasil em posição de destaque no mundo. (Vilma Bokany, socióloga/Fundação Perseu Abramo)
Como parte da mesma operação, em Brasília, a Polícia Federal invadiu a residência oficial da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), sem a devida autorização do Supremo Tribunal Federal, e levou seu marido, o ex-ministro de comunicações, Paulo Bernardo, em prisão preventiva.
O presidente do PT, Rui Falcão, estava em Brasília e publicou, na mesma data, uma nota repudiando a busca e apreensão realizadas na sede do partido. Afirmou tratar-se de uma nova tentativa de criminalizar o PT e avaliou a medida como “desnecessária e midiática”. Independente das buscas da operação Custo Brasil, não há razão para um cenário de guerra, exceto a intenção de desmoralizar o PT e constranger o Senado onde, cresce o número de parlamentares que discordam do afastamento da presidenta legitimamente eleita por mais de 54 milhões de votos.
A ação ocorreu no momento em que, para além das delações seletivas contra o PT, a Operação Lava Jato tem apurado fatos gravíssimos de corrupção de membros do governo golpista, o que tem levado sua equipe a desmoronar; um dia após a divulgação de um vídeo de 2009 em que o senador tucano Sergio Guerra (morto em 2014) pedia propina para abafar a CPI da Petrobras e logo depois da estranha morte de um operador de doações para a campanha presidencial de Eduardo Campos, do PSB, em um acidente ainda não explicado. Isso evidencia que a corrupção é algo intrínseco ao sistema político em sua relação com as empresas.
É a primeira vez que uma ação da Polícia Federal no âmbito da Custo Brasil tem como foco uma instituição - um partido político - e não pessoas. Trata-se de uma perseguição seletiva que tenta violar a liberdade de organização partidária, algo que não ocorre no Brasil desde a redemocratização, em 1985. A última vez que um partido foi atacado dessa forma foi em 1947, quando o Partido Comunista, acusado de vinculações internacionais com URSS e de estatuto antidemocrático, foi extinto.
O argumento do combate à corrupção atualmente serve como amparo para seletivamente combater um partido político, quando essa luta deveria servir para o fortalecimento da democracia e das instituições. A invasão da sede do PT desvia o foco das atenções da mídia e da opinião pública sobre o governo golpista, que se instituiu inclusive para tentar paralisar as investigações da Lava Jato. O golpe que está em curso, mais do que afastar a presidente Dilma, legitimamente eleita, pretende também colocar o PT na ilegalidade e impedir que o ex-presidente Lula volte a candidatar-se e dê continuidade ao projeto de país que vinha colocando o Brasil em posição de destaque no mundo. (Vilma Bokany, socióloga/Fundação Perseu Abramo)
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