Aumento da taxa de água em SP joga inflação nas alturas

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação medida pelo IPCA teve aumento de 0,78% no mês de maio. Na serie histórica o mês de maio deste ano registrou o maior aumento do índice desde 2008, quando ficou em 0,79%. No acumulado do ano, a inflação já atinge 4,05%. No ano passado, para o mesmo período, tal número estava em 5,34%. Em uma análise dos últimos 12 meses, a taxa foi para 9,32%, ficando acima dos 9,28% referente ao mesmo período sem o presente mês. Em maio de 2015 o IPCA havia apresentado uma variação de 0,74%.

É importante destacar que este resultado do IPCA se deu particularmente devido a taxa de água e esgoto, do grupo Habitação (1,79%), se destacou pela alta de 10,37%, sendo o com maior contribuição individual no mês, ou seja, com 0,15 p.p.. A região metropolitana de São Paulo exerceu forte pressão sobre o índice dado que a variação nesta região atingiu 41,90%, especialmente devido ao fim do Programa de Incentivo à Redução do Consumo de Água, cancelado pela Deliberação n° 641 da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (ARSESP), de 30 de março de 2016. A despeito do fim da concessão de bônus por redução e de ônus por aumento de consumo de água, que vinha sendo praticada pelo Programa, o reajuste de 8,40% implementado em 12 de maio sobre o valor das tarifas foi um fator decisivo no aumento do índice. 

É diante desse cenário que a manutenção da Selic em 14,25% vai em linha com a diretiva do BC de "circunscrever" o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016 particularmente via utilização dos juros. O Copom decidiu manter a taxa Selic em 14,25% ao ano, sem viés e por unanimidade, como era amplamente esperado. O comunicado foi igual ao apresentado na reunião de abril e mostra novamente a falta de entendimento da dinâmica econômica frente ao atual nível da recessão. Como destacado, a inflação não cedeu no presente mês, sobretudo devido ao impacto de um preço administrado. O atual patamar de juros seria justificável somente em uma situação de forte inflação de demanda. Dado que parece um contrassenso esperar uma forte demanda em um ambiente recessivo, tal política monetária tende a agudizar a crise econômica e solapar a retomada do crescimento econômico. Nas próximas reuniões, já com a nova diretoria do Banco, é de se esperar ainda a mesma estratégia para trazer a inflação para o centro da meta de 4,5%, e não somente ao teto da mesma. Mais um erro esperado. (Igor Rocha, economista/Fundação Perseu Abramo)

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