Passei 50 anos de minha vida num pais onde:
os negros conheciam o seu lugar;
os pobres se contentavam com pouco;
quem mandava na cidade eram o prefeito, o delegado, o juiz de direito e meia dúzia de ricaços;
nas festas familiares os homens ficavam de um lado, conversando sobre futebol, e as mulheres de outro, fofocando;
as empregadas domésticas usavam o elevador de serviço, recebiam um salário abaixo do mínimo legal, transavam com o filho do patrão, dormiam em quartinhos de 2 x 2 metros, e ganhavam roupas usadas da dona da casa;
as pessoas davam parabéns a quem comprava um carro novo;
comer numa pizzaria era o máximo de lazer para o fim de semana de uma família classe média baixa;
Maluf era o exemplo do bom político, porque roubava, mas fazia;
toda mãe queria que o filho fosse ou médico ou militar;
advogado era doutor, dentista era doutor, veterinário era doutor, delegado era doutor, médico era doutor, qualquer um que usasse terno era doutor;
as notícias dos jornais valiam como verdades incontestáveis;
as coisas eram como eram porque sempre foram assim e ponto final.
Num certo dia tudo mudou e pensei então que essas mudanças fizessem parte de um processo evolutivo para tornar o mundo melhor.
Mas aí acordei e o dia estava escuro, sem sol, sem cor, sem música e sem vida. (Carlos Motta)
os negros conheciam o seu lugar;
os pobres se contentavam com pouco;
quem mandava na cidade eram o prefeito, o delegado, o juiz de direito e meia dúzia de ricaços;
nas festas familiares os homens ficavam de um lado, conversando sobre futebol, e as mulheres de outro, fofocando;
as empregadas domésticas usavam o elevador de serviço, recebiam um salário abaixo do mínimo legal, transavam com o filho do patrão, dormiam em quartinhos de 2 x 2 metros, e ganhavam roupas usadas da dona da casa;
as pessoas davam parabéns a quem comprava um carro novo;
comer numa pizzaria era o máximo de lazer para o fim de semana de uma família classe média baixa;
Maluf era o exemplo do bom político, porque roubava, mas fazia;
toda mãe queria que o filho fosse ou médico ou militar;
advogado era doutor, dentista era doutor, veterinário era doutor, delegado era doutor, médico era doutor, qualquer um que usasse terno era doutor;
as notícias dos jornais valiam como verdades incontestáveis;
as coisas eram como eram porque sempre foram assim e ponto final.
Num certo dia tudo mudou e pensei então que essas mudanças fizessem parte de um processo evolutivo para tornar o mundo melhor.
Mas aí acordei e o dia estava escuro, sem sol, sem cor, sem música e sem vida. (Carlos Motta)
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